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Sobre a morte de Hans-Dietrich Genscher

Ele foi ministro de Relações Externas e vice-chanceler da Alemanha por mais tempo que qualquer outro – durante 18 anos.

01.04.2016
© dpa/Jan Woitas - Hans-Dietrich Genscher

Berlim (dpa) – O maior triunfo na sua carreira governamental de 23 anos foi vivido por Hans-Dietrich Genscher no dia 30 de setembro de 1989 em Praga. Quando ele comunicou aos cidadãos da RDA, refugiados na embaixada alemã, que eles poderiam seguir viagem para o Ocidente, seu anúncio de «Eu vim cá para lhes comunicar que... » foi abafado por uma explosão sem igual de euforia.

Entre os próceres políticos alemães, o ministro de Relações Externas do partido liberal FDP, ao lado do chanceler federal Helmut Kohl (CDU), estava entre aqueles que reconheceram e aproveitaram as chances para uma reunificação do país, após a implosão do império soviético. Em 9 de novembro de 1989, caiu o Muro de Berlim.

Nas primeiras eleições gerais alemãs, em 2 de dezembro de 1990, Genscher viveu mais um triunfo. Seu partido liberal, que frequentemente tinha de temer pela conquista de mandatos parlamentares, obteve 11,0 por cento dos votos. No Estado natal de Genscher, a Saxônia-Anhalt, foram 19,7 por cento. Na sua cidade natal, Halle, os liberais conquistaram até mesmo um mandato direto.

Depois de concluída a unificação, Genscher – apesar de já ter sofrido dois enfartes cardíacos – empenhou-se ainda com toda energia pela ratificação do Tratado Dois-Mais-Quatro. Com a troca das certidões de ratificação em 15 de março de 1991 em Moscou, a Alemanha recuperou a sua soberania, 46 anos após o fim da guerra. Em maio de 1992, Genscher – como muitos outros ministros de Relações Externas, um dos políticos mais populares – deixou o primeiro escalão governamental, no auge do seu êxito político e para muitos, de maneira inteiramente inesperada.

O homem com o pulôver amarelo, que para uma geração de alemães jovens já faz parte da História, marcou a Alemanha de hoje como quase ninguém mais, nas funções de presidente do partido FDP (de 1974 até 1985), como ministro do Interior (de 1969 até 1974) e, principalmente, como ministro de Relações Externas (de 1974 até 1992). Como chefe da diplomacia alemã, ele viajou sem pausa. Os zombadores afirmavam que, nas suas inúmeras viagens, Genscher chegava a conseguir cruzar com si próprio no espaço aéreo.

A rápida carreira de Genscher começou na década de 1950. Nascido a 21 de março de 1927 em Reideburg/Saalkreis, criado em Halle, Genscher veio para a Alemanha Federal em 1952, onde ele logo se filiou ao partido liberal FDP. Em 1956, o então presidente do FDP, Thomas Dehler, levou o jovem para Bonn, como assessor científico. Em 1965, ele foi eleito pela primeira vez para o Parlamento Federal, quatro anos depois, ele já era ministro do Interior.

A volubilidade, que alguns críticos censuravam em Genscher, garantiu aos liberais uma participação no governo durante décadas. Em 1969, Genscher e o então presidente do FDP, Walter Scheel, arriscaram a formação, com parca maioria, da primeira coalizão governamental social-liberal, com os socialdemocratas. Como titular da pasta do Interior, Genscher ganhou perfil através de temas como a proteção ambiental e a consolidação do Departamento Federal de Investigações Criminais (BKA). Em 1974, depois da renúncia do chanceler Willy Brandt (SPD), Genscher mudou para a pasta de Relações Externas e assumiu a presidência do FDP como sucessor de Walter Scheel, que tinha sido eleito Presidente Federal alemão.

Em 1982, Genscher consumou uma nova virada. Os liberais derrubaram o chanceler Helmut Schmidt do SPD, pagando o preço da saída do partido de muitos proeminentes liberais de esquerda, e alçaram Helmut Kohl (CDU) ao poder. No novo gabinete negro-amarelo, Genscher permaneceu ministro de Relações Externas e vice-chanceler. Ele deu prosseguimento à sua política de reconciliação com o Leste. Também depois da sua retirada da política ativa, Genscher – desde 1992, presidente de honra do FDP – sempre se manifestou em sua «meia aposentadoria», seja sobre querelas internas do partido ou por preocupação com a tensa relação transatlântica após a guerra do Iraque.

Fonte: dpa; tradução: FSM