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Estabilidade em vez de divisão

O cientista político Jürgen Falter fala sobre a campanha eleitoral para o Bundestag, o sistema partidário alemão e as tendências regionais.

30.08.2017
Cartazes eleitorais de 2017
Cartazes eleitorais de 2017 © dpa

Professor Falter, as mídias americana e britânica descreveram a campanha eleitoral alemã por último como surpreendentemente desanimada. Isso é algo típico alemão?

Não, afinal também já tivemos campanhas eleitorais que foram muito mais agitadas que agora. Se as discussões são inflamadas, isso depende em grande parte dos que fazem a campanha eleitoral e dos seus temperamentos. O chanceler federal Helmut Schmidt e seu concorrente Franz Josef Strauss foram, por exemplo, muito mais temperamentais que Angela Merkel e Martin Schulz. A isso se soma o fato de que não é esperada nenhuma dramática disputa com resultado apertado entre os partidos dos dois principais candidatos. Além disso, não existe na Alemanha nenhuma profunda divisão da sociedade, como atualmente nos EUA, por exemplo. Os alemães também estão bastante satisfeitos com a situação econômica e sentem-se relativamente bem assegurados através do sistema da economia social de mercado. Isso sempre impede – naturalmente ao lado da terrível experiência do nacional-socialismo – que campanhas e partidos populistas obtenham êxito.

Jürgen Falter: “Diferenças entre os alemães do Sul e do Norte”
Jürgen Falter: “Diferenças entre os alemães do Sul e do Norte” © dpa

Que diferenças regionais caracterizam o comportamento do eleitorado na Alemanha?

Continuam sendo principalmente as diferenças entre os alemães do Sul e do Norte. Em média, os alemães do Sul são mais satisfeitos com as suas vidas e a sua situação econômica e, por isso, elegem sobretudo os partidos conservadores. Ao contrário disso, as diferenças entre os alemães do Leste e do Oeste tornaram-se claramente menores. Principalmente porque os mais jovens alemães do Leste, que cresceram na Alemanha reunificada, não estão mais marcados pela RDA.

Na Alemanha, não existe nenhuma grande ruptura social, que possa levar a um esfacelamento do cenário partidário.
Politikwissenschaftler Jürgen Falter

Quais são as particularidades do sistema partidário alemão?

Em comparação com os de outros países, o sistema partidário alemão ainda é surpreendentemente compacto, apesar de todas as diferenciações dos últimos anos. Com maior razão para um país com um sistema de representação proporcional, no qual os partidos conquistam mandatos no Bundestag na proporção do seu número de votos. Na Alemanha não há agora nenhuma grande ruptura social, que possa levar a um esfacelamento do cenário partidário. Porém, um papel importante é desempenhado também pela barreira dos cinco por cento dos votos, que precisa ser superada pelos partidos, a fim de que possam ingressar no Bundestag.

O senhor é tido como pesquisador alemão de partidos políticos e especialista eleitoral de grande prestígio. Como o senhor faz as suas avaliações?

Por um lado, naturalmente, através de intensa análise e pesquisa. Eu tiro proveito da minha atividade científica de décadas, ocupando-me com eleições e partidos e das minhas muitas publicações científicas e palestras. Através do meu trabalho, eu fiquei conhecendo a maioria dos políticos importantes do país. Assim pude adquirir impressões autênticas da prática política, sem ser eu próprio um político. A fim de acompanhar amplamente os desenvolvimentos atuais, eu leio toda a gama de jornais alemães. E sempre busco o diálogo com os cidadãos e cidadãs, para poder avaliar melhor o clima no país.

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