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A autora “best-seller” Andrea Wulf esclarece o que o gênio universal Alexander von Humboldt tem que ver com a mudança do clima e a sustentabilidade. 

Sabrina Pfost, 12.02.2019
Andrea Wulf
Andrea Wulf © Antonina Gern

Sra. Wulf, o que a fascina em Alexander von Humboldt? 
A sua vida parece um romance de aventuras. Alexander von Humboldt foi curioso, aventureiro, visionário, infatigável – o protagonista perfeito para uma biografia. E quem escreve sobre um descobridor, tem naturalmente que viajar muito – tudo em nome da ciência. Nunca tive tanto prazer em escrever um livro, como no caso dos dois livros sobre Humboldt. 

Andrea Wulf seguindo os rastros de Humboldt no vulcão Antisana no Equador
Andrea Wulf seguindo os rastros de Humboldt no vulcão Antisana no Equador © privat

Em março será lançada a sua segunda obra sobre Humboldt. Como surgiu a ideia para isso? 
Pouco antes de eu terminar sua biografia, em 2014, os diários de Humboldt foram postos à disposição do público interessado. À primeira vista, eu já sabia que teria de fazer algo com isso. Foi um momento muito especial: 4.000 páginas recheadas com desenhos e esboços de Humboldt. Ele era uma pessoa inacreditavelmente visual. Eu conhecia naturalmente o conteúdo, mas a sua maneira de pensar só pode ser compreendida corretamente, quando se tem nas mãos e se lê os seus manuscritos. Meu livro é uma homenagem a esse inigualável aventureiro e gênio universal, que junta com tanta facilidade a arte e a ciência. 

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Nas suas pesquisas, a senhora seguiu os rastros de Humboldt através da América Latina. O que a impressionou de maneira especial? 
Muito especial foi a visita ao Chimborazo, lá Humboldt desenvolveu a sua compreensão revolucionária da natureza. Quando olhou para o mundo de quase 6.000 metros de altura, ficou claro para ele que a natureza é global, um conjunto vivo, no qual tudo está relacionado entre si. A viagem de Quito para o Chimborazo foi para ele como uma viagem botânica do equador para os polos. Ele viu que as zonas de vegetação do mundo acompanhavam o caminho, em sucessivos agrupamentos verticais. Das plantas tropicais do vale até os últimos pequenos liquens. Esse momento foi para ele tão importante, por essa razão eu tive de ver isso também. 

Na América Latina, Humboldt compreendeu que o ser humano pode destruir a natureza.
Autora Andrea Wulf

O que a viagem pela América Latina provocou em Alexander von Humboldt? 
Humboldt viajou para a América do Sul como mero cientista e retornou como pensador visionário e também como artista. Ele foi muito inspirado pelas paisagens e as descreveu não apenas como um cientista, mas combinou as descrições poéticas das paisagens com observações científicas. Humboldt tinha uma memória incrível, por isso podia sempre estabelecer comparações, por exemplo, de que as plantas andinas na América do Sul eram parecidas com as que ele tinha visto nos Alpes suíços ou nos Pirineus. Somente assim, ele pôde ver a natureza como uma força global e comparar as vegetações e zonas climáticas globais.

Além disso, a viagem fez dele um adversário da escravidão por toda a vida, pois viu como os escravos e os povos indígenas eram tratados pelos colonizadores espanhóis. E na América Latina, Humboldt compreendeu que o ser humano pode destruir a natureza. Ele sempre voltou a descrever isso, por exemplo, como na costa da Venezuela a pesca de pérolas destrói os bancos de ostras ou como as instalações de irrigação na Cidade do México seca os vales da região. 

Humboldt afirmou: Nós temos de sentir a natureza, a fim de compreendê-la
Autora Andrea Wulf

O que podemos aprender de Alexander von Humboldt em 2019? 
O aspecto interdisciplinar: Humboldt dedicou-se de forma extremamente transdisciplinar a uma grande variedade de temas e ramos, além de juntar a arte e a ciência. Nós temos a tendência de traçar um claro limite entre o objetivo e o subjetivo. Isso já se inicia quando dizemos às crianças: você tem talento matemático ou artístico. Humboldt não tinha problemas em descrever a natureza de forma poética e ele dizia claramente: nós temos de sentir a natureza, a fim de compreendê-la. Uma outra lição é que ele via a nossa Terra como um todo contínuo vivo. Somente assim podemos entender os contextos da mudança climática e do nosso poder de destruir a natureza. 

Pausa nas corredeiras de Maipure no rio Orinoco
Pausa nas corredeiras de Maipure no rio Orinoco © privat

A sua maneira de descrever a vida de Humboldt é muito poética, principalmente em comparação com os livros alemães de não-ficção. 
Muito obrigada! Sim o livro acadêmico alemão de não-ficção é às vezes propositadamente muito seco. As minhas pesquisas são também muito dispendiosas e acadêmicas, e eu passo anos a fio em arquivos, leio somente fontes primárias. Apesar disso, eu tento dar vida às narrações. Essa é a grande diferença entre os livros históricos alemães e ingleses. Isso se pode depreender até mesmo dos conceitos: na palavra alemã “Geschichte” (história) está contida a palavra “Schicht” (camada), e assim os temas são trabalhados camada por camada. A palavra inglesa “history”, ao contrário, contém a palavra “story” – e é finalmente sempre uma história que deve ser contada. Eu tento dar vida à pessoa, sobre a qual eu escrevo. Mas, naturalmente, com base em fatos, do contrário eu escreveria romances históricos. Interview: Sabrina Pfost

Andrea Wulf nasceu em Nova Delhi e foi criada na Alemanha. Ela vive em Londres há mais de 20 anos, onde trabalha como jornalista e autora. Entre outros, ela escreve para “Wall Street Journal”, “New York Times”, “Guardian” e trabalha regularmente para a BBC. Sua primeira obra sobre Humboldt, “Alexander Humboldt e a invenção da natureza”, foi incluída na lista de “best-sellers” do “New York Times” e de “Der Spiegel”, recebendo também inúmeros prêmios. Seu novo livro, “A Aventura de Alexander von Humboldt”, será lançado na Alemanha no dia 25 de março de 2019. 

© www.deutschland.de

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