Pular para conteúdo principal

Uma mulher que 
encontra estrelas

A astrônoma Anna Frebel fez descobertas espetaculares no céu noturno sobre o Chile.

25.03.2015

Anna Frebel, nascida em 1980, pertence atualmente às estrelas internacionais da astronomia. Isto por conta das descobertas que ela tem feito com boa regularidade: volta e meia a pesquisadora encontra estrelas que são mais antigas do que todas conhecidas até hoje. Ela é também uma embaixadora de sua disciplina. Por meio de palestras, filmes e livros, ela tenta conquistar sobretudo o entusiasmo dos jovens para a astronomia.

Ferramentas importantes no trabalho científico de Frebel são os telescópios de Magalhães, no observatório chileno Las Campanas. Lá, as luzes de nenhuma cidade grande pertubam o brilho fraco dos objetos celestes e existem suficientes noites sem nuvens. Apesar disso, sempre 
pode acontecer de, devido ao tempo, ter-se de jogar fora os melhores planos de trabalho – em certas ocasiões, Frebel sentou-se noites a fio no observatório, condenada a ficar esperando uma chance de ver o céu.

Frebel procura estrelas velhas, que pertençam à segunda ou à terceira geração após o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos. As estrelas da primeira geração foram gigantes de hidrogênio e hélio, aproximadamente cem vezes mais pesadas que nosso sol e que já explodiram após poucos milhões de anos. Somente com elas surgiram os elementos mais pesados – sem essas catástrofes cósmicas, não haveria planetas, nem vida. A segunda geração trouxe, então, estrelas mais longevas. Algumas brilham até hoje.

Quem procura estrelas antigas, busca, portanto, estrelas com menor presença de elementos pesados. Os astrônomos as chamam de “pobres em metais”. Suas composições químicas podem ser determinadas, à medida em que elas são localizadas com o telescópio e seus espectros de luz analisados. Ainda hoje trata-se de trabalho noturno. Dessa forma, Frebel mediu e selecionou até 100 estrelas por noite. Sua primeira descoberta exigiu um ano e meio de dedicação. “Durante a observação, a gente se sente quase como 
numa outra dimensão, na qual não se está nem dormindo, nem acordado”, segundo sua descrição dessas noites em seu livro “Auf der Suche nach den ältesten Sternen”. A espera vale a pena: em 2014, ela 
e sua equipe conseguiram registrar um 
novo recorde, uma estrela de nome SMSS0313-6708, a mais pobre em metais já medida em todos os tempos.

Anna Frebel, professora no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge (EUA), provou que suas descobertas não podem ser atribuídas apenas à sua teimosa perseverança e a um pouco de sorte. Ela gosta tanto da observação concreta no telescópio, quanto da formação teórica abstrata. Seu ponto forte, segundo ela própria, está “em ficar olhando fixamente para alguma coisa, por longo tempo, o que para outras pessoas parece monótono, e em algum momento há um clique e então temos um novo ponto de vista”. ▪