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“Ocorre muita coisa no Brasil no momento”

A iniciativa “Startups Connected” fomenta startups brasileiras e alemãs. O coordenador do DWIH São Paulo, Márcio Weichert, explica como isso funciona. 

25.09.2018
Márcio Weichert (dir.) com o ganhador do prêmio e presidente da Green Spin, Clemens Delatrée, na entrega do prêmio de 2017
Márcio Weichert (dir.) com Clemens Delatrée © DWIH São Paulo

A Câmara Brasil-Alemanha de Comércio e Indústria (AHK São Paulo) e o Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH), em São Paulo, promovem a iniciativa “Startups Connected” desde 2016. Elas estabelecem assim o contato entre fundadores de startups e grandes empresas no Brasil e na Alemanha. 

Sr. Weichert, por que existe esta iniciativa? 
Queremos facilitar às startups alemãs o caminho para o Brasil e conectar as startups brasileiras com o setor econômico alemão. Disso devem surgir sinergias, que são prometedoras para ambos os países. A economia alemã tem um grande interesse em tal cooperação, pois espera soluções inovadoras das startups brasileiras. Os ganhadores do concurso podem apresentar-se no Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e participam em seguida de um “Acceleration Programm”, com treinamento e contatos com a pesquisa e a economia, bem como com clientes potenciais. 

Que temas são especialmente prometedores para uma cooperação alemão-brasileira? 
Por trás de oito desafios do concurso estão empresas alemãs e por trás de uma está o Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear. Eles mesmos determinam os temas, de acordo com a demanda de inovações nesse setor. A fabricante de máquinas Schuler, por exemplo, busca startups inovadoras na digitalização das cadeias de valor agregado; a Siemens, no gerenciamento energético de residências; a Volkswagen, na mobilidade interconectada, e a BASF, nas novas tecnologias de produção de gêneros alimentícios. Todos os temas giram também em torno das metas de desenvolvimento sustentável. Exatamente nesses setores, a cooperação é prometedora, pois o Brasil e a Alemanha são muito engajados e promovem muita pesquisa nessas áreas.

Através da iniciativa, muitas portas são abertas aos ganhadores
Márcio Weichert, coordenador do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH São Paulo)

Que ocorreu com os ganhadores do ano passado? 
Temos retornos positivos. O ganhador alemão, a startup Green Spin, de Würzburg, ajuda os processos de decisão dos produtores agrícolas com inteligência artificial. Um dos fundadores visitou no Brasil um grande produtor agrícola, que é fornecedor para fabricantes de sucos de frutas, e estabeleceu contato com instituições de pesquisa. Não há ainda cooperações concretas, mas a firma está em negociação com empresas brasileiras. 

Dois ganhadores brasileiros foram enviados por nós a uma viagem à Alemanha. Uma startup, no setor da Indústria 4.0, ganhou um outro prêmio em Dortmund; a outra startup do setor da nanotecnologia abriu um negócio na Áustria e conquistou clientes na Alemanha, graças à viagem. Todos estão muito satisfeitos de que a iniciativa lhes tenha aberto muitas portas. 

Que diferenças há na cultura das startups entre a Alemanha e o Brasil? 
No Brasil, as startups são fundadas frequentemente por pessoas graduadas que já acumularam experiência profissional no mercado de trabalho e decidem ter o próprio negócio. Além disso, o fomento público no Brasil frequentemente não precisa ser reembolsado – isso dá muita segurança inicial às startups. 

O Brasil é um país atraente para as startups – apesar da crise financeira.
Márcio Weichert, coordenador do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH São Paulo)

Quais são as conhecidas startups brasileiras? 
No Brasil, há muitos exemplos de startups bem-sucedidas. Uma delas desenvolveu o aplicativo “99” – antes “99Taxis”. A oferta é comparável à Uber, ou seja, um aplicativo que estabelece contato com um motorista. Ele surgiu às vésperas da Copa do Mundo de Futebol de 2014 – na época, a Uber ainda não era ativa no Brasil. A startup tornou-se rapidamente conhecida, além das fronteiras. Mas há ainda muito mais – São Paulo, por exemplo, tem um setor especialmente ativo de startups. O Brasil é um país atraente para as startups, apesar da crise financeira. As ideias são agora muito procuradas, especialmente por parte das grandes empresas, que buscam a cooperação com startups inovadoras. A opinião pública não toma, em parte, conhecimento disso, já que os clientes das startups no Brasil são geralmente as empresas e não os consumidores finais. A maioria das startups desenvolvem soluções para o setor econômico e a administração pública. Acontece assim muita coisa, e isso é também uma grande chance para as startups alemãs. Nós, do DWIH e da AHK estamos à disposição delas, com consultoria e mediação de contatos. 

Entrevista: Boris Hänssler

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