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“Tomar posição bem definida”

Depois dos atentados em Hanau, a sociedade civil e a ciência exigem que se combata decididamente o radicalismo de direita.

25.02.2020
Flores e velas na praça Marktplatz de Hanau
Flores e velas na praça Marktplatz de Hanau © privat

Os políticos e a sociedade da Alemanha reagiram aos assassinatos de extrema direita em Hanau demonstrando profundo pesar e tristeza. Na quinta-feira passada, um alemão de 43 anos de idade assassinou a tiros nove pessoas em Hanau. Depois, ele, que é atirador esportivo, matou a própria mãe de 72 anos e cometeu suicídio. Segundo as mais recentes informações, o criminoso era um convicto racista e psiquicamente afetado. No domingo, milhares de pessoas participaram de um cortejo fúnebre em Hanau, dando um claro sinal de tolerância e contra a xenofobia. Todas as emissoras, a imprensa e a mídia social estão discutindo sobre o que fazer contra o radicalismo de direita. Muitas pessoas da sociedade civil e da ciência também exigem que se aja decididamente contra o radicalismo de direita. Aqui, algumas das vozes mais importantes:    

O politicólogo Claus Leggewie disse ao  magazine “Migazin”: “Para se conseguir uma verdadeira democracia, está faltando a reação decisiva do Estado e dos tribunais contra a ameaça e os atos de violência. (...) Não basta falar com a sociedade, invocando-a a lutar pela coesão. Björn Höcke, do partido da AFD, insulta precisamente esta sociedade civil, xingando-a de “lodo” que precisa ser seco. Isto é uma ameaça de violência, nada mais. Os aparelhos de segurança têm de tomar posição bem definida e impor o monopólio do poder.

Sebastian Fiedler, da Associação da Polícia Judiciária Alemã, falou na rádio Deutschlandfunk  sobre as conexões: “Creio sobretudo que temos de constatar que as tarefas, que aqui se nos apresentam, não são somente tarefas dos aparelhos de segurança, mas vão muito além. Trata-se da criminalidade de ódio, da discussão da estratégia da AFD. Temos de discutir sobre as conexões, o que uma coisa tem a ver com a outra. E as autoridades de segurança têm de estar aptas a lidar com o problema.  Mas salientar apenas um só dos segmentos seria dar um passo curto demais.

Existe uma enorme responsabilidade política
Hajo Funke, pesquisador de radicalismo

O sociólogo Sebastian Wehrhahn citou no periódico “taz” a complexidade desse desafio: “A hipótese de que o criminoso é um lobo solitário é politicamente falsa e contra-produtiva do ponto de vista dos inquéritos policiais. Essa perspectiva oculta os contextos causais, os criminosos e os cúmplices. Ela fracassa em tentar eliminar essas estruturas a longo prazo, desobrigando os responsáveis políticos da sua responsabilidade. Com respeito à elaboração política, parece-me importante que a banalização do terror de direita não pode ser separada da comparação teoricamente extremista da direita com a esquerda.

Hajo Funke, pesquisador de radicalismo, interpreta no jornal Berliner Zeitung o citado de Merkel “Racismo é veneno”: ”Entendo essa sentença da seguinte maneira: Lá, onde o racismo e os ressentimentos são despertados nas pessoas pelos partidos políticos, a atmosfera da coexistência se transforma e é envenenada. Por isso existe uma enorme responsabilidade política. Com essa declaração pode-se fazer muita coisa”.

A jornalista Karolin Schwarz, que acaba de publicar o livro “Hasskrieger. Der neue globale Rechtsextremismus” (Guerreiros do ódio. O novo radicalismo global de direita), disse à emissora “rbb”, respondendo à pergunta se o atentado em Hanau nos poderia tornar futuramente mais sensíveis a diferentes formas do radicalismo de direita: “Assim espero! Mas isso tem também de ser entendido por toda a sociedade. Não foi um atentado a estrangeiros. Foi um atentado aos nossos vizinhos, amigos e parentes, pessoas que vivem ao nosso lado”.

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