Transição térmica para a Alemanha

Eles querem contribuir para a transição energética a fim de combater a crise climática: Apresentamos pessoas que estão impulsionando a expansão das energias renováveis na Alemanha e em todo o mundo com suas ideias e engajamento.

Em uma cena agora famosa do documentário "Uma Verdade Inconveniente" de 2006, Al Gore caminha para cima e para baixo em frente a uma tela gigante. Esse mostra a concentração de CO₂ e a temperatura na Terra nos últimos 650.000 anos: duas curvas que sobem e descem quase paralelas uma à outra. Na borda direita, no presente, a curva CO₂ sobe tão rapidamente que o próprio Gore se levantou a partir de uma plataforma elevatória para estar com o valor exibido ao nível dos olhos. E depois ainda mais para mostrar o valor projetado para os próximos 50 anos. De uma altura de quase dez metros, ele olha para o público e pergunta no salão: "O que vocês acham que acontecerá com a curva de temperatura se não fizermos nada?"

"Isso me chocou totalmente na época. Pensei que tínhamos que agir imediatamente", diz Philipp Pausder. O ex-jogador de basquete profissional de 2,06 metros de altura e atual empresário está na sede de sua empresa, Thermondo, em Berlim, no quinto andar de um novo e inteligente complexo de escritórios em Berlim-Kreuzberg e fala sobre sua motivação para avançar na transição energética. "Quando o filme estreou, eu era um estudante da IE Business School em Madri, então basicamente no modo de busca constante por novas ideias de negócios. E ficou logo claro para mim: Há também uma incrível oportunidade de negócios por trás do chamado de Al Gore para a ação", diz o empresário de 47 anos.

Como a Alemanha pode se tornar neutra em relação ao clima até 2045?

De volta à Alemanha, Pausder fundou a Thermondo com dois colegas no final de 2012. O objetivo: Tornar o aquecimento na Alemanha neutro do ponto de vista climático. E "na velocidade do mercado", como ele, todo empresário iniciante, diz. A equipe fundadora estava certa: A instalação de sistemas de aquecimento é muito lenta, muito ineficiente, os processos de planejamento são muito complicados. "Somente 17% das empresas tinham um site", diz ele. "Ficou claro para nós que, se quisermos ser tão rápidos quanto temos que ser diante da crise climática, precisamos de empresas artesanais extremamente poderosas e flexíveis". Para trazer dinamismo à indústria do aquecimento, a Thermondo está se concentrando na digitalização, investindo milhões para desenvolver um software que otimize o gerenciamento de processos na instalação de sistemas de aquecimento. "Esse é ainda hoje um pilar central de nossa empresa".

A Thermondo é hoje o maior fornecedor alemão de soluções de aquecimento para casas unifamiliares e bifamiliares, com mais de 800 colaboradores. Atualmente, a Alemanha ainda cobre mais de 80% de suas necessidades de aquecimento através da queima de combustíveis fósseis. Dos aproximadamente 41 milhões de residências, quase um em cada dois usa gás natural e quase um em cada quatro usa óleo de calefação. Um terço do total de emissões de CO₂ da Alemanha é causado por isso.

Se a calefação doméstica fosse gerada a partir de fontes renováveis, teríamos conseguido despertar um "gigante adormecido", dizem os especialistas em energia. Pausder também escolhe essa imagem para destacar ao mesmo tempo: Não temos outra escolha senão sacudir o gigante acordado e fazer com que ele funcione para nós. "Se a Alemanha quer realmente se tornar neutra em relação ao clima até 2045, devemos parar de usar combustíveis fósseis até 2025, o mais tardar". Porque os sistemas de calefação têm uma vida média de 20 anos".

10.000 bombas de calor até o final de 2023

No momento, a própria Thermondo ainda instala sistemas de calefação a óleo e gás, mas recentemente começou a se concentrar mais em bombas de calor. Estas operam muito mais eficientemente e podem ser alimentadas inteiramente por eletricidade verde. "Uma bomba de calor é uma maravilha energética", entusiasma-se Pausder. Ela utiliza o calor já armazenado no ar ou na terra e o torna utilizável para a calefação de edifícios com a ajuda de energia elétrica. "Isso é três vezes mais eficiente do que um moderno sistema de calefação a gás. Se o governo federal alemão fizer seu caminho, seis milhões desses dispositivos deverão ser instalados até 2030. Qualquer pessoa que tenha um novo sistema de calefação instalado após 1 de janeiro de 2024 deve garantir que ele seja alimentado por, pelo menos, 65% de energias renováveis.

Para a Thermondo, é claro, essa é uma grande chance. E um enorme incentivo para realmente retomar o ritmo agora. Bem ao lado da recepção na sede da empresa, Pausder mandou erguer uma placa. Ela mostra o número atual de bombas de calor vendidas e instaladas. A cada duas horas, o mostrador se atualiza com o típico ruído de placas analógicas antigas nos aeroportos. "Eu queria tornar isso o mais táctil possível para nosso pessoal, o que estamos alcançando atualmente e o que já alcançamos", diz Pausder. A Thermondo quer instalar 10.000 bombas de calor em casas unifamiliares e bifamiliares alemãs até o final do ano. Para isso, 500 profissionais permanentes, incluindo muitos instaladores de calefação, são empregados em todo o país. No final de abril, o contador está em 2.070 unidades vendidas e 1.324 instaladas.

Thermondo acelera a instalação

É possível fazer isso? Pausder acena com a cabeça. Afinal, sua empresa vem trabalhando arduamente há anos para agilizar o processo de instalação de sistemas de calefação. A Thermondo está a caminho da industrialização da indústria de calefação, é dito repetidamente em retratos da empresa. No caso da bomba de calor, isso poderia ser compensado. Porque a instalação é exigente. "Há três ofícios que interagem aqui: Você precisa de um instalador de sistemas de calefação, um eletricista e um profissional para assentar a fundação", explica Pausder. Além disso, é tarefa do fornecedor organizar o financiamento para seus clientes. "Mas é nisso que somos bons". Em média, a indústria de calefação precisa atualmente de 18 dias úteis para instalar uma bomba de calor. Na Thermondo, atualmente são dez dias úteis, e o objetivo é de seis no futuro. "Não temos tempo a perder".