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Um passeio de bicicleta ao longo do antigo Muro

Um dossiê do 25º aniversário da Queda do Muro. Na 10ª parte, acompanhamos de bicicleta o trajeto do antigo Muro e comprovamos o que hoje é quase incompreensível: Berlim como cidade dividida.

16.06.2014
picture-alliance/dpa - Berlin Wall Bike Tour
picture-alliance/dpa - Berlin Wall Bike Tour © picture-alliance/dpa - Berlin Wall Bike Tour
 
 

Antes de sair, Knut para por um instante e aponta para uma pequena entrada. Está escrito “Franz-Klub” na placa. “Aqui, fiquei conhecendo a roqueira punk Nina Hagen nos anos 70”. A história da Berlim dividida é também a história de Knut. O guia turístico de 60 anos de idade nasceu no bairro berlinense oriental de Prenzlauer Berg e vive lá até hoje. Knut sai à frente com a bicicleta, passando por velhos prédios modernizados até o estádio Jahnstadion. Por trás do parque esportivo passava o Muro. No pátio externo, Knut desenha com o pé um grande círculo no cascalho. No meio dela, uma linha em cima, à direita, um outro pequeno círculo. “Este círculo”, diz ele, “era Berlim Ocidental”. Inteiramente cercada.

 

Passando pelo estádio, cruza-se um parque. Onde hoje os casais de namorados tomam sol, os turistas bebem cerveja e as famílias fazem churrasco, era antigamente a “faixa da morte”. Algumas centenas de metros adiante está o cruzamento das ruas Odeberger e Bernauer. No chão, uma estreita faixa de paralelepípedos relembra a construção de 13 de agosto de 1961, que simbolizou a divisão da Alemanha: o Muro de Berlim – com uma extensão total de 167,8 quilômetros. As autoridades da RDA deram a ordem para cercar a cidade, pois a situação econômica estava piorando rapidamente em 1961 e o número de fugitivos aumentava a cada dia.

 

A hamburguesa Roswitha Funck, de 66 anos de idade, esteve em Berlim pela primeira vez em 1961. Ela correspondia então com uma amiga em Berlim Ocidental e se lembra exatamente como tudo lhe pareceu estranho quando veio a esta cidade pela primeira vez, com dez anos de idade. A esta cidade, que era o símbolo da Guerra Fria. Hoje, a excursão ao longo do trajeto do Muro lhe recorda isto. Seu olhar paira sobre as velhas vigas de aço do Muro. Ao lado, Knut aponta para lajes no chão. Elas simbolizam um túnel de fuga. Até hoje, as histórias sobre os fugitivos da Alemanha Oriental fascinam. A história predileta de Knut é a do “homem do pato”. A fim de atravessar o rio Spree, da parte oriental para o lado ocidental, ele amarrou um pato na cabeça. Os guardas de fronteira ficaram em dúvida, mas o homem até mesmo grasnava como um pato – e ele conseguiu realmente chegar ao outro lado.

 

Günter Litfin não logrou isto. Em 24 de agosto de 1961, ele foi morto a tiros durante a sua fuga para Berlim Ocidental. Ele foi a primeira vítima fatal do Muro de Berlim. Knut conhece pessoalmente o seu irmão Jürgen. Ele fica pensativo por um momento, enquanto narra a história, olha o retrato do morto e balança a cabeça. Uma das muitas vítimas.

 

A “East Side Gallery”, uma galeria ao ar livre no bairro berlinense de Friedrichshain, é exatamente o que se necessita para mudar de pensamento. Aqui uma faixa do Muro de Berlim, com cerca de um quilômetro de extensão, que pouco depois da reunificação em 1990 foi pintada por artistas. Ela é um símbolo da vitória pacífica sobre a Cortina de Ferro. À margem do rio Spree, por trás da faixa do Muro, estão os turistas. Ali se fotografa – um pouco de História para o álbum de recordações. Muitos dos visitantes ainda não eram nascidos, quando o Muro caiu. A eles, interessam a arte, as pichações. Mas para Knut, o guia turístico de Berlim oriental, que nasceu quando ainda não existia o Muro, este lugar conta uma outra história.

http://berlinonbike.de

www.eastsidegallery-berlin.de

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