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O desafio da “Construção do Leste”

O processo da reunificação foi, em termos históricos, sem precedentes e um esforço coletivo nacional que não pode ser realizado dentro de poucos anos.

Herfried Münkler, 18.09.2018
O desafio da “Construção do Leste”
© picture alliance / Winfried Rothermel

Após a derrocada da RDA, constatou-se que a produtividade média do país correspondia a um terço da produtividade da República Federal, de forma que a agência fiduciária de direito público Treuhandanstalt, encarregada da privatização das empresas estatais, apresentou no final um déficit de 230 bilhões de marcos em lugar dos esperados 600 bilhões de marcos de lucro (300 bilhões de euros). A esperança de financiar os investimentos necessários para a infra-estrutura dos novos Estados com a soma arrecadada com a privatização da chamada “propriedade do povo” foi uma ilusão.

Os custos da unidade alemã cresceram de maneira muito mais dinâmica que a prevista nas avaliações mais pessimistas. A população no Leste teve que assumir o peso social da unidade, enquanto que a população no Oeste teve que arcar com a maior parte dos gastos financeiros. Seguiu-se então ao ano milagroso 1989/1990 um processo de convergência mais moderado a longo prazo. Em meio a isso, os sucessos que aos poucos se tornavam visíveis na “Construção do Leste” nem sempre foram percebidos adequadamente.

Dos resultados mais espetaculares da “Construção do Leste” faz parte o saneamento dos bairros residenciais em centros urbanos como Dresden, Leipzig, Chemnitz e Halle, que na época da RDA sofreram uma degradação contínua. Outros exemplos são a estrutura das telecomunicações nos novos Estados, que está entre as mais modernas da Europa, a construção de uma paisagem universitária competitiva e a posição de liderança mundial das novas empresas de tecnologia solar e ambiental que foram implantadas. Foram também empreendidos imensos esforços no setor da infra-estrutura, da proteção à natureza e ao meio ambiente, do desenvolvimento do turismo e da conservação de bens culturais.

Em contraposição está o movimento migratório, certamente mais fraco em comparação aos primeiros anos da unidade, especialmente de jovens do Leste para o Oeste e, em consequência, a diminuição e o envelhecimento da população nos novos Estados. Enquanto há uma emigração do Leste, da parte ocidental são feitas transferências financeiras que até 2009 alcançaram um total avaliado em 1,6 trilhão de euros líquidos (excluídas as transferências do Leste). Os esforços empreendidos na “Construção do Leste” são um exemplo de solidariedade nacional quase inesperada numa atmosfera política marcada pelos discursos pós-nacionalistas. Apesar de todos os progressos, a equiparação das condições de vida no Leste e no Oeste continuará sendo um tema prioritário para a conclusão da unificação interna. O Relatório anual do governo federal sobre a situação da unidade alemã apresenta um resumo desse desenvolvimento.