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“Repensem um pouco sobre isso!”

Como os políticos e a mídia em todo o mundo reagiram ao fracasso das negociações para a “coalizão Jamaica”. 

22.11.2017
A chanceler federal Merkel em diálogo com o chefe do FDP, Christian Lindner
A chanceler federal Merkel em diálogo com o chefe do FDP, Christian Lindner © dpa

Também fora da Alemanha, muita gente observou com interesse o que estava acontecendo em Berlim. Principalmente em Bruxelas e nas capitais europeias, os políticos e jornalistas acompanharam os esforços para a formação de um novo governo federal alemão.

Desejamos que o nosso parceiro mais importante seja estável e forte.
Emmanuel Macron, presidente francês

O presidente da França, Emmanuel Macron, mostrou-se preocupado, em face das sondagens fracassadas para formar a “coalizão Jamaica”: “Não é do nosso interesse, que a situação se torne tensa. Desejamos para a Europa, que o nosso parceiro mais importante seja estável e forte, a fim de que possamos avançar conjuntamente”.

O presidente da Comissão do UE, Jean-Claude Juncker, mostrou-se otimista: “Estamos confiantes de que o processo constitucional na Alemanha irá garantir a base para estabilidade e continuidade”, afirmou-se em seu gabinete.

A Holanda tem experiência com delongadas negociações de coalizão. O ministro holandês das Relações Exteriores, Halbe Ziljstra, manifestou sua estranheza de que as conversações tenham sido canceladas – na sua opinião – após um tempo muito curto: “Na Holanda, nós necessitamos de sete meses para formar o governo. Eu diria: repensem um pouco sobre isso e recomecem talvez as conversações”. O fim das negociações foi “uma má notícia para a Europa”. Ziljstra desaconselhou a realização de novas eleições, isso seria o cenário menos favorável.

Também os belgas têm experiência com as dificuldades para a formação de governo. Por isso, o ministro belga de Relações Exteriores, Didier Reynders, reagiu com serenidade às notícias vindas da Alemanha. “Isso é talvez uma nova tradição em muitos países”.

A Alemanha é um país estável; sua Constituição é nutrida pela determinação de impedir instabilidades.
Guardian

Também a mídia internacional se ocupou com o fracasso das sondagens. “Le Monde”, da França, comentou: “A crise surge no momento em que o projeto europeu volta a ganhar colorido, após dez anos de administração de crises, quase ininterrupta. A Alemanha é não apenas a maior economia nacional da UE, mas também o polo de estabilidade da União Europeia e o parceiro decisivo da França em todo o projeto europeu. Os responsáveis políticos devem ter consciência disso”.

Também o “New York Times” abordou os possíveis efeitos para a UE: “A insegurança na Alemanha pode significar um duro golpe para a UE. Na década passada, a sra. Merkel foi a personalidade política dominante na região. A ela é creditado o mérito de ter liderado a UE durante a fase posterior à crise financeira de 2008 – e, em tempos recentes, de ter representado um vigoroso contraponto contra os populistas na Europa e em outras partes”.

O jornal britânico “Guardian” expressou grande confiança no sistema político da Alemanha, mas reconhece no momento uma situação excepcional: “A Alemanha é um país estável; sua Constituição é nutrida pela determinação de impedir instabilidades, como no passado. Na Grã-Bretanha, o fracasso de negociações de coalizão geraria uma grave crise política interna, que teria de ser solucionada até o fim de semana seguinte, no mais tardar. Já a Alemanha, ao contrário, tem agora o prazo de semanas e meses, a fim de esclarecer a formação de governo – mas enfrenta, ao mesmo tempo, uma novidade política”.