“Uma boa oportunidade de aprender algo mais”
Usinas hidrelétricas, ferrovias, redes de telefonia celular: o jovem cientista econômico Adriano de Marchi Fernandes, do Brasil, pesquisa em Berlim, como se pode financiar os grandes projetos.

Eles vêm do Brasil, da China, da Índia, da Rússia ou dos EUA e são considerados parte da liderança internacional do futuro: as moças e rapazes, que são incentivados pela Fundação Alexander von Humboldt com a Bolsa de Estudos da Chanceler Federal. O economista Adriano Marchi Fernandes é um deles. O brasileiro trabalhou, entre outras coisas, como analista financeiro da Siemens. Agora, ele pesquisa como bolsista na Alemanha durante cerca de um ano.
De que se trata o seu projeto de pesquisa?
Eu abordo o financiamento de longo prazo para grandes projetos de infraestrutura no Brasil e em toda a América Latina. Eu examino, sobretudo, que papel desempenham nisso os bancos de desenvolvimento. Quero entender suas estratégias e constatar com que obstáculos e limitações eles são confrontados. Para isso, eu conversei com representantes de bancos de desenvolvimento internacionais e bilaterais, entre outros, aqui na Alemanha, na França e na Holanda, bem como no Banco Europeu de Investimentos em Luxemburgo. Trata-se da questão de como tais bancos operam mundialmente e como, por exemplo, a KfW ajuda a implementar programas energéticos no Brasil.
Por que é tão difícil para o Brasil até agora, financiar a longo prazo tais grandes projetos de infraestrutura?
Existem muitos e diversos motivos para isso, por exemplo, os juros tradicionalmente altos no Brasil. Além disso, há uma grande dependência dos bancos estatais. Por isso, eu creio que é importante conquistar os investidores internacionais. Eles podem oferecer financiamento a juros baixos e durante um prazo mais longo – o que é realmente importante para esses projetos, que duram frequentemente mais de 10 ou 15 anos. Tal tipo de apoio ainda é muito raro no Brasil.
Como a Bolsa de Estudos da Chanceler Federal o auxilia nas suas pesquisas?
Eu me candidatei à bolsa de estudos, porque ela nos oferece uma grande liberdade na configuração do nosso projeto e na cooperação com a nossa instituição-anfitriã. Eu trabalho no Instituto da América Latina na Freie Universität de Berlim. Aqui eu tenho a possibilidade de conversar com especialistas em economia latino-americana. Eles têm, além disso, bons contatos tanto na área científica como também no setor econômico. Para mim, isso oferece a chance de estabelecer contatos com instituições financeiras aqui na Alemanha e em toda a Europa.
Algumas pessoas na Alemanha devem rir, quando ouvem que sua pesquisa é sobre o financiamento de grandes projetos de infraestrutura – afinal, existem atualmente dois grandes projetos, o aeroporto de Berlim e a Elbphilharmonie em Hamburgo, que estouraram os orçamentos previstos.
Sim, eu escuto muitas piadas sobre isso, mas eu penso que nenhum sistema é perfeito. Aqui, as pessoas são orgulhosas, e com razão, da capacidade alemã de planejar e executar tais projetos. Agora, existem críticas justas a esses dois exemplos. Atrasos e problemas ocorrem às vezes em qualquer lugar e, com certeza, existem no Brasil, como por exemplo nos projetos de construção para o Mundial de futebol de 2014. Esses fracassos são uma boa oportunidade para aprender mais.