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“Uma contribuição para a saúde de todos”

Em Hamburgo, Rolf Horstmann luta pela saúde global. Ele dirige o Instituto Bernhard Nocht de Medicina Tropical.

08.06.2017

Rolf Horstmann, especialista em Medicina Tropical

Um escritório amplo e uma vista fenomenal sobre o Elba, o ancoradouro Landungsbrücken, o estaleiro de Blohm+Voss. Melhor vista de Hamburgo é impossível. Mas a pessoa que está sentada à mesa não olha para essa paisagem de Hamburgo e seus pensamentos não se concentram muito nesta cidade, mas envolvem o mundo todo. “Instituto de Medicina Tropical” está escrito no lado de fora da entrada, mesmo que Rolf Horstmann não goste muito dessa denominação. “Velha relíquia colonial”, diz ele, mencionando que deveria muito mais chamar-se instituto de doenças da pobreza. Mas a velha denominação já se institucionalizou.

Horstmann é presidente do Instituto ­Bernhard Nocht, trabalhando nele já há 40 anos. Basicamente, o instituto desempenha duas funções: é uma espécie de segurança pessoal, atento 
às doenças que poderiam ser importadas para a Alemanha. E é também uma espécie de samaritano – mesmo que ele também não goste desse conceito por ser benévolo demais. Todavia, trata-se da 
contribuição de um país próspero para a saúde 
de todos.

A saúde de todos. Quando surgiu a epidemia do vírus da ébola, o instituto participou decisivamente na luta contra essa doença. Alguns dos seus funcionários viajaram para a África Ocidental, outros pesquisaram esse vírus perigosíssimo em Hamburgo, num laboratório especial. Pouco depois, quando o surto do vírus da zica explodiu na América Central e do Sul, Hamburgo recebeu diariamente 100 provas, dado que todos os institutos dos países afetados não tinham mais capacidade. “Isso nos levou ao nosso limite, mas tínhamos a boa sensação de que nosso trabalho iria ajudar”.

A função de Horstmann era coordenar as grandes operações, além da sua tarefa propriamente dita, que consta da pesquisa de base na África. Com a cooperação da universidade de Kumasi, no Gana, ele construiu um centro de pesquisas. Nessa região existe muita malária. Os funcionários de Horstmann pesquisaram o genoma de crianças, comparando o de 3000 crianças com malária com o de 3000 crianças saudáveis. Eles examinaram milhares de adultos, dos quais a metade sofria de tuberculose e a outra metade não, sendo que 90% das pessoas, que tinham sido infetadas com a tuberculose, não sofreram da doença, pois seu próprio corpo as defende. Como funciona essa proteção? Como se pode dar essa proteção a pessoas que não a possuem naturalmente?

O Instituto Bernhard Nocht dirigiu por muito tempo o centro no Gana, o que poderia agora tornar-se coisa do passado. Há três participantes no projeto: o instituto alemão, a universidade de Kumasi e o Ministério da Saúde do Gana. “Quando este dois últimos tiverem de acordo que um deles venha a assumir a direção, então nós nos retiraremos da chefia”, diz Horstmann. Seria um último passo na igualdade de tratamento, pondo um ponto final na velha maneira de pensar, de que os países ricos ajudam os países pobres transmitindo-lhes conhecimento, fazendo sua pesquisa, impondo-lhes seus padrões. O instituto continuará acompanhando o desenvolvimento no Gana, respondendo a perguntas quando estas lhe forem feitas, mas Horstmann não quer ser presunçoso, não quer impedir que cresça algo que pode ser alcançado sem a ajuda da Alemanha. Ele está satisfeito em dar um impulso para ajudar algo no mundo com aquilo que seu instituto de Hamburgo produz.