Gênio literário e revolucionário

UM VANGUARDISTA com ideais, à frente de seu tempo, foi este jovem médico das proximidades de Darmstadt, que se colocou contra a situação da época. Talvez Georg Büchner (1813–1837) fizesse parte hoje do movimento de ocupação de Wall Street. Este, em todo caso, remeteu-se a “O mensageiro de Hesse”, um panfleto de Büchners de 1834. O gênio da literatura, que morreu com apenas 23 anos, permanece simplesmente jovem e contemporâneo. Em 2013, serão comemorados 200 anos do nascimento do escritor e revolucionário.

Três clássicos compactos

“A morte de Danton” foi escrita e publicada em apenas um mês e, mesmo assim, destaca-se como um drama de arrebatadora pujança verbal e conteudista. “Quando a história abre suas sepulturas, o despotismo ainda pode sufocar no odor de nossos cadáveres“, fez Büchner seu Danton dizer. Usando a Revolução Francesa como exemplo, ele narra como ideais libertários podem transformar-se em seu contrário. Enquanto Büchner escrevia sobre Danton, ele teve de preocupar-se em ele mesmo não ser preso. Em 1835, a peça, mesmo censurada, foi publicada, sendo sua única obra a sê-lo durante sua vida. Foi encenada pela primeira vez somente em 1902.

Leonce e Lena O príncipe Leonce e a princesa Lena, heróis de Büchner nascidos nos reinos de Popo e Pipi, parecem inofensivamente bobos e alegres para subverter o palco. Entretanto, a comédia é apenas uma máscara para uma sátira mordaz à decadência das cortes principescas e do particularismo alemão na época de Büchner. Contra a monotonia da vida, Leonce promete à sua Lena: “Vamos mandar destruir todos os relógios, proibir todos os calendários e contar horas e luas de acordo com o tempo das flores, só pela floração e pelos frutos.”

Woyzeck Esta peça é apenas um fragmento, mesmo assim é um dos dramas mais encenados nos palcos alemães, pois abala questões fundamentais e quase toda frase é uma experiência sensual. Resumo: Soldado raso mata a mulher infiel. Mas, por trás do enredo simples estão questões eternas e insolúveis: qual a influência das circunstâncias sobre as pessoas, o que são destino e liberdade de decisão – e: por que fazemos o que fazemos?