Logística made in Germany

A logística do futuro é made in Germany? Isso está disponível em, por exemplo, Öhringen, perto de Heilbronn. Se você observar o interior do pavilhão que a empresa de médio porte Dachser construiu para a logística de bens industriais e de consumo, verá uma agitação acelerada: Caminhões industriais, ou seja, empilhadeiras, porta-paletes e tratores, passam pelo pavilhão e transportam continuamente os volumes das rampas de carregamento para o depósito e vice-versa. O que o observador não vê é a inteligência artificial (IA) que controla tudo isso: Centenas de câmeras no teto do pavilhão registram automaticamente volumes, veículos e processos.   

Assim, cria-se um gêmeo digital do depósito que mostra exatamente onde os volumes e veículos estão localizados no momento, em tempo real. A leitura manual de códigos de barras, que antes era necessária, já não acontece mais. Os funcionários são informados diretamente nas telas onde devem colocar as mercadorias descarregadas. Essa comunicação ao vivo acelera o descarregamento de caminhões em um terço, por exemplo, e faz melhor uso do espaço no depósito. A equipe pode se concentrar no descarregamento e na montagem das remessas, em vez de procurar volumes em centros de transbordo que geralmente têm o tamanho de um campo de futebol.  

Por último, mas não menos importante, a IA ajuda a embalar e usar melhor os reboques e os veículos de transporte local. O processo que a Dachser desenvolveu juntamente com o Instituto Fraunhofer de Fluxo de Materiais e Logística IML é chamado de @ILO (Advanced Indoor Localisation and Operations). O projeto combina todos os principais aspectos que compõem a logística de alta tecnologia na Alemanha: tecnologia digital, processos automatizados e cooperação com instituições de pesquisa.  

Um dos maiores setores econômicos da Alemanha 

A Alemanha está totalmente integrada na rede de rotas comerciais globais e conta com uma logística altamente eficiente: Em 2023, foram movimentadas 4,3 bilhões de toneladas de mercadorias, a maioria delas por caminhão. O transporte ferroviário, mais ecológico, foi responsável por menos de um quinto do desempenho do transporte, e o transporte fluvial, por menos da metade novamente. Mercadorias caras ou urgentes geralmente chegam a seus destinos por avião, e petróleo e gás por oleoduto. Além disso, há o transporte marítimo: Os navios de carga transportam grandes quantidades de contêineres nas rotas de comércio marítimo global através dos portos de Hamburgo, Bremerhaven e Wilhelmshaven. O porto de Hamburgo é um importante centro internacional, especialmente para o comércio com a Ásia e a América do Norte. 

O setor da logística é complexo e extenso, e é um dos maiores setores econômicos da Alemanha. Em 2023, o setor gerou um faturamento de 327 bilhões de euros na Alemanha, com quase três milhões e meio de pessoas empregadas em logística. Grandes nomes, como Deutsche Post DHL, DB Schenker, Dachser e Hermes, são líderes globais. Porém, de modo geral, as PMEs dominam o setor: Quase metade das 70.000 empresas de transporte e logística que operam na Alemanha não emprega mais do que 50 pessoas.  

Logística – um setor inovador

As empresas alemãs conquistaram uma excelente reputação diante da forte concorrência global. “Os especialistas em logística da Alemanha têm grande reputação em todo o mundo”, confirma o professor Christian Kille, da Universidade de Ciências Aplicadas de Würzburg-Schweinfurt. Existem bons motivos para isso: “Eles dominam os processos e são muito inovadores”, diz o cientista. 

Apesar das crises dos últimos anos, muitas empresas conseguiram evoluir do puro planejamento e implementação do transporte. Eles fornecem muitos serviços para seus clientes que não têm nada a ver com a logística tradicional. Por exemplo, eles fazem montagens para o setor automotivo ou classificam devoluções para empresas de eletrônicos ou de moda. Eles também oferecem soluções, serviços e software de “logística como serviço”: Plataformas em nuvem, mercados on-line e bolsas de frete digitais reúnem a indústria e o comércio com provedores de logística e agentes de carga de forma rápida e fácil. Empresas de transporte puramente digitais, baseadas em plataformas e dados também fazem parte desse setor heterogêneo. O “despachante digital” Sennder, por exemplo, que foi fundado em 2015, tem um faturamento de mais de um bilhão de euros.  

Robôs na produção! 

Devido ao alto nível de pressão competitiva global, as empresas industriais e de comércio alemãs também reduziram ainda mais seus custos de logística. Ao mesmo tempo, elas conseguiram aumentar sua produtividade por meio da automação e digitalização da logística, de acordo com o Comitê de Especialistas em Logística, um painel de especialistas que avalia regularmente o setor, em março de 2025.  

Na produção industrial, os robôs de transporte conectam os armazéns às linhas de produção. O setor automotivo está particularmente avançado: Novos padrões técnicos garantem que frotas inteiras de robôs móveis de vários fabricantes diferentes sejam controladas por um único programa de software. Muitos processos no comércio também são automatizados. Nos gigantescos centros de distribuição dos comerciantes de comércio eletrônico, milhares de robôs preparam muitos milhões de remessas para envio, com o apoio de sistemas de classificação de última geração.  

Cada vez mais, robôs semelhantes a humanos, que poderiam ter saído diretamente de filmes de ficção científica, também estão sendo usados na logística: O EvoBot do Fraunhofer IML de Dortmund, por exemplo, pode empurrar, puxar e carregar e move-se sobre duas pernas (com rodas).  

Paixão por soluções 

Porém, mesmo com o aumento da automação, a logística continua sendo um negócio com um alto nível de envolvimento humano. Os especialistas dizem que é exatamente isso que torna o setor tão empolgante: muitos campos de atividade diferentes, sempre atentos às tendências globais, nacionais ou locais. 

Sejam crises geopolíticas, mudanças climáticas ou progresso tecnológico: As cadeias de fornecimento precisam ser constantemente reajustadas. Quando os navios ficam presos no Canal de Suez, as matérias-primas não estão mais disponíveis devido a um conflito ou a demanda aumenta repentinamente, os especialistas em logística são os primeiros a serem chamados.