“Temos de continuar construindo a nossa Europa”

No website de Terry Reintke, predominam as cores verde e rosa. Duas cores que são simbólicas: o verde representa o seu partido, a Aliança 90/Os Verdes; a cor rosa representa a força feminina. Diversas fotografias marcam a imagem de uma enérgica mulher jovem, com cabelos louros, pouca maquiagem, frequentemente vestindo camisetas, em vez de blusas. Numa das fotos, a política pode ser vista com megafone numa mão e o outro punho erguido ao ar. Esse gesto dá a impressão de um caráter ruidoso e lutador. Ela sorri para quem olha a foto: de forma aberta, honesta, humana. Quem a conhece no seu dia a dia profissional como deputada “verde” ao Parlamento Europeu, sabe logo: esse website combina muito bem com Theresa “Terry” Reintke.

Para se chegar até Terry Reintke no Parlamento Europeu, é preciso passar por um controle de segurança, como num aeroporto internacional. Após os atentados de março de 2016, os controles tornaram-se mais rigorosos em Bruxelas. Desde os atentados, ela se sente ainda mais ligada a Bruxelas, afirma Reintke. Impressionou-a muito, como a população de Bruxelas foi coesa então e demonstrou o seu luto em manifestações silenciosas. No mais tardar então, diz Reintke, ela se tornou uma bruxelense convicta. Além disso, agrada-lhe o jeito obstinado da capital belga. Ela trabalha como deputada ao Parlamento Europeu desde maio de 2014 e é lá, no momento, a mulher mais jovem. Vai completar 30 anos de idade dentro em breve. Somente dois homens, antes suplentes, são ainda mais jovens que ela.

Mulher jovem no Parlamento

Como ela se sente, como mulher jovem no Parlamento? Após uma reunião matinal da Comissão das Mulheres, Reintke está sentada na cantina, remexendo uma salada de macarrão. Seu rosto se contrai, quando ouve a pergunta. «Os obstáculos que se tem de enfrentar, para ser levada a sério nos debates, são maiores que os dos homens de 40 ou 50 anos», diz ela. É grande a pressão para poder afirmar-se no trabalho em conjunto com as mais diversas pessoas da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. “Mas, se eu fizer primeiro um curso sobre cada tema, antes de abrir a boca, então isso não funciona”. Erros fazem parte do dia a dia. “Quando algo dá errado, então é levantar e seguir adiante”, essa é uma condição prévia do trabalho versátil.

Como porta-voz de política feminina do Grupo Verde no Parlamento Europeu, Reintke é responsável pelos temas da emancipação na bancada. Ao lado da Comissão das Mulheres, ela faz parte também da Comissão de Assuntos Sociais e Ocupação e da Comissão de Desenvolvimento Regional. Ela dá grande importância às questões ligadas à violência doméstica ou aos problemas de transgênero.

Conjuntamente europeu

Ela é proveniente de Gelsenkirchen na Região do Ruhr e sabe o quanto as decisões políticas podem interferir numa região. Desde 2004, ela se engaja em Os Verdes, que para ela constituem mais do que “um partido exclusivamente ecológico”. De 2006 até 2011, Terry Reintke estou Ciências Políticas em Berlim e Edimburgo. Depois disso, foi porta-voz da Juventude Verde Europeia durante dois anos. Ela fala inglês fluentemente, o que é uma vantagem no Parlamento multicultural, no qual são feitas tantas formas distintas de política, mas “é claro, europeia conjunta”. Enquanto se especula cada vez mais frequentemente sobre a decadência da União Europeia, Reintke vê a UE como um “modelo do futuro, de como se pode tratar dos desafios transnacionais do século 21”. Exatamente agora, diz ela, tudo depende das pessoas jovens. “Temos de pôr mãos à obra e continuar construindo nossa Europa”. O entusiasmo que Reintke sente pela Europa, ela o deseja também de um número maior de jovens. Ela própria empenha-se por isso, o quanto pode. Enquanto outros, na sua idade, encerram o expediente e vão tomar uma cerveja, Reintke com frequência ainda continua examinando documentos e fazendo os preparativos para o dia seguinte.

Longa jornada de trabalho

Os deputados ao Parlamento Europeu têm 40 semanas de sessões plenárias por ano. Isso é quase o dobro do Parlamento Federal alemão. São longas as jornadas de trabalho de Reintke em Bruxelas e também em Estrasburgo, para onde ela vai uma vez por mês. Nas chamadas Semanas de Comissão, ela começa a trabalhar em geral às 8 horas da manhã, como um “encontro de café da manhã”, seguindo-se um compromisso depois de outro até à noite. Com a sua equipe, Reintke combinou recentemente ter um fim de semana livre por mês. Isso significa, talvez também ter de dizer não, quando uma emissora de tevê telefona, convidando para um talk show. “Quando nós temos a aspiração de ser uma ‘pessoa normal’ que simplesmente cumpre um mandato, então é preciso ter espaço para a vida privada”, diz Reintke.

Nas paredes do seu pequeno escritório estão penduradas muitas fotografias de amigos e da família. Numa folha de papel sobre a sua escrivaninha está escrito “Você pode superar a si próprio”. Ela também mantém contatos através do Twitter. Mais de 6.600 pessoas a seguem. Um número ainda maior a segue no Facebook. Também isso é trabalho político, com o qual ela alcança sobretudo gente jovem. E, apesar de tudo, ela acredita: “Os políticos têm de voltar a cultivar os contatos pessoais”. A si própria, isso agrada. No seu trabalho, Reintke aprecia de maneira especial as discussões com as pessoas, também com aquelas que não são de mesma opinião que ela. Ela gosta de sair às ruas para moldar uma “sociedade aberta”.

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