O construtor de pontes de Hamburgo
Jose Luis Valdez Carrillo é diretor da Fundação UE-América Latina-Caribe – e assim um formulador do intercâmbio.

Não foi nada fácil arranjar um encontro pessoal com Jorge Luis Valdez Carrillo na primavera setentrional de 2015. Exatamente poucas semanas antes do encontro de cúpula União Europeia-América Latina em Bruxelas, o diretor da Fundação UE-América Latina-Caribe (EU-LAC) esteve viajando muito. Na véspera, o diplomata de 63 anos, com passaporte peruano, esteve em Viena, pouco antes havia visitado um fórum de jovens em Quito. Pouco depois, seria relizado nas dependências da Fundação EU-LAC em Hamburgo um seminário sobre a competitividade das duas regiões. Uma semana mais tarde, Valdez Carrillo voaria para Madri, para impulsionar um debate birregional sobre sustentabilidade, na elaboração da Agenda Pós-2015. Logo em seguida, já começariam os preparativos para o grande encontro de cúpula em Bruxelas, o segundo de Valdez Carrillo, como diretor da fundação.
“Nunca se torna monótono”, diz o diplomata numa conversa em seu escritório em Hamburgo e sorri. De fato, três anos após sua fundação, a instituição ainda está em fase de implantação. “Nós começamos do zero, mas já conseguimos fazer muito”, acha Valdez Carrillo. Sua tarefa é intensificar as relações entre as duas regiões do planeta, em todos os níveis, e dar maior visibilidade ao intercâmbio, em todo o mundo. Ele é, por assim dizer, um construtor de pontes entre as regiões. Valdez Carrillo e seus colaboradores e colaboradoras desenvolveram programas de trabalho nas áreas de pesquisa, comunicação e cultura, formação de redes e economia. Sobre estes temas, propuseram numerosos estudos, encontros de trabalho, congressos e eventos públicos.
“Por meio de sua história comum, há muitos pontos que ligam os países europeus com os da América Latina e do Caribe”, declara Valdez Carrillo, que já trabalhava no Ministério das Relações Exteriores de seu país quando ainda cursava a universidade de ciências humanas. Em 1974, ele entrou para o serviço diplomático. Dois anos mais tarde, teve na embaixada peruana em Londres seu primeiro posto no exterior. “Desde então tenho acompanhado o processo de integração europeu com grande interesse. E tenho aprendido que a Europa e os países da América Latina e do Caribe complementam-se de forma excepcional e, assim, possuem um enorme potencial”.
Para que ambos os lados de uma estreita cooperação possam beneficiar-se, elas precisam conversar em nível de igualdade e compreender-se mutuamente como parceiros. “No centro da questão têm de estar sempre o bem-estar das pessoas e a coesão social. Na Europa, sabe-se que o acesso à educação e à saúde precisam ser distribuídos de forma justa”. É necessário, portanto, reforçar a competitividade das duas regiões, por meio de cooperações mais fortes na economia, na educação e na cultura.
Há 25 anos, ainda era praticamente impossível prever como esta cooperação iria se acelerar – e diante de que cenário global ela estaria acontecendo hoje. “Desde a Queda do Muro de Berlim, o mundo mudou muito”, diz Valdez Carrillo. “O fim da guerra fria abriu caminhos totalmente novos”. O processo seguinte de globalização colocou o mundo diante de desafios, que nenhum Estado nacional pode mais resolver sozinho. Sendo assim, é ainda mais importante continuar promovendo processos de integração de forma decisiva – não só em cada uma das regiões do mundo, mas para além dos oceanos. Semelhanças históricas e padrões similares de pensamento são evidentemente uma vantagem nestes processos.
As chances para uma parceria birregional intensiva, entre a Europa e a América Latina, são boas, segundo Valdez Carrillo, caso sejam encontradas respostas para as questões fundamentais: “O que podemos alcançar juntos? Como nossas empresas podem tornar-se competitivas globalmente? Como podemos criar mais e melhores empregos?” Todas essas perguntas, ele tenta responder com a Fundacao EU-LAC. “Eu acho que nós nos encontramos num bom caminho. Porém, ainda há muito o fazer“.