No TikTok e nos mercados
Como a ciência chega às pessoas: Benedikt Fecher, da “Wissenschaft im Dialog”, sobre a comunicação de pesquisas nas mídias sociais e no mundo analógico.
Senhor Fecher, seu objetivo com a “Wissenschaft im Dialog” (Ciência em diálogo) é alcançar pessoas fora da “bolha” acadêmica. Funciona?
Acho que sim. Um exemplo é o MS Wissenschaft, um navio fluvial convertido que enviamos em turnê todo verão junto com o Ministério Federal de Educação e Pesquisa. Este ano, ela está na estrada desde meados de maio com o tema do Ano Científico 2025 “O futuro do fornecimento de energia”, com uma exposição interativa e muitas estações para participar. Também vamos a mercados, organizamos eventos de discussão e premiamos YouTubers que comunicam suas pesquisas de maneira exemplar.
Não devemos deixar os espaços digitais para aqueles que não têm fatos ou são agressivos.
As mídias sociais são uma maldição ou uma bênção para a comunicação científica?
Ambas. Não devemos deixar os espaços digitais para aqueles que não têm fatos ou são agressivos. As mídias sociais são mercados digitais; se as ignorarmos, estaremos ignorando grandes setores da sociedade. Por exemplo, sou a favor de uma iniciativa adicional de mídia social em grande escala, na qual nos dirigimos aos jovens, em particular, com curtas-metragens, ou seja, vídeos curtos, por exemplo, no TikTok.
Há repetidos apelos para que a ciência seja comunicada de forma mais ampla à sociedade. Entretanto, nas mídias sociais, estamos lidando com grupos-alvo completamente diferentes em plataformas diferentes. Como isso funciona?
Nunca se tratou de atingir “o público”, como se houvesse apenas um. Há muitos públicos com necessidades diferentes. Da mesma forma, não existe algo como “ciência”, mas sim uma grande diversidade disciplinar e institucional. A boa comunicação científica reconhece essa diversidade e desenvolve formatos adequados. Isso também reforça a transferência prática, ou seja, o impacto das descobertas científicas na sociedade.
O que é uma boa comunicação científica?
Isso deve ser uma parte natural do trabalho científico. Nem todo pesquisador precisa comunicar sobre seu trabalho – no caso de pesquisa básica pura, o impacto público não é o foco principal. Entretanto, a comunicação e a obtenção de relevância social devem ser entendidas como uma tarefa conjunta, e a diversidade do público e da ciência deve ser levada a sério.
Especialista em Open Science
O Dr. Benedikt Fecher é especialista em Open Science e comunicação científica. Desde abril de 2023, ele dirige a organização sem fins lucrativos “Wissenschaft im Dialog” (WiD). A WiD foi fundada em 2000 por importantes organizações científicas alemãs para promover o diálogo entre a ciência e a sociedade e para desenvolver ainda mais a comunicação científica na Alemanha.
Esta entrevista foi realizada em cooperação com o DAAD. Você pode ler uma versão mais detalhada da conversa aqui.
