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Europa – onde a diversidade mora

A Europa inspira. A mistura de tantos talentos torna este continente tão criativo.

Constanze Kleis, 26.11.2018
Ponto quente ­para quem viaja pela Europa: o Portão de Brandemburgo em Berlim
Ponto quente ­para quem viaja pela Europa: o Portão de Brandemburgo em Berlim © iStockphoto / narvikk

Velhos mestres e arte moderna, arquitetura futurística e idílio de enxaimel, desenhos dignos de prêmio e os mais lindos festivais de teatro, música e cinema. Quem afirmar que sempre tem de tomar decisões na vida nunca esteve na Europa. Aqui há obras de todas as tendências vocacionais das belas artes. E se podem escolher as melhores, pois existe bastante delas.

 Europa inspira. A musa já vem fazendo horas extras desde milhares de anos, para ativar a produção dos criativos da Europa: de artistas como Leonardo da Vinci, Vincent van Gogh, Berthe Morisot, Pablo Picasso ou Paula Modersohn-Becker; de músicos excepcionais de Bach até os Beatles, de Mozart até Anne-Sophie Mutter, cujas obras ­ainda encantarão nossos netos. A Europa não só compõe, pinta e canta. Ela sempre narrou histórias de histórias, que foram transportadas ao cinema por cineastas supertalentosos, como Alfred Hitch­cock, Agnès Varda, Pedro Almodóvar ou Andrzej Wajda, que foram transcritas por Jane Austen, ­Fiódor Dostoiévski, Astrid Lindgren ou Marcel Proust. E, naturalmente, por Johann Wolfgang von Goethe. Este grande poeta também ficou famoso por ser um gênio universal, pois ele próprio, que realmente nunca sofreu de complexo de inferioridade, sabia a quem se tem de fazer reverência. Em sua obra “Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister”, ele escreve entusiasmado sobre a Europa, como sendo uma cultura “inestimável” que “surgiu há milhares de anos, que cresceu, que se expandiu, que se atenuou, que foi pressionada, que nunca foi totalmente sufocada, que respirou novamente, que reviveu e que ainda continua se salientando em atividades infinitas”.

Maravilha do barroco: a Biblioteca Joanina em Portugal
Maravilha do barroco: a Biblioteca Joanina em Portugal © Gerhard Westrich/laif

Grande presença da arte antiga e moderna

A arquitetura também fez coisas extraordinárias, oferecendo um abrigo digno para toda essa grande arte. Uma das mais antigas óperas do mundo fica na Europa. É o Teatro Real de San Carlo, em Nápoles, uma obra do rei Carlos III, que ficou pronta em 1737. Quase a 2000 quilômetros de distância, ao norte, encontra-se uma das mais modernas casas de ópera: a Staatsoper unter den Linden, em Berlim, reconstruída recentemente por 400 milhões de euros. Sua sofisticada técnica de palco cria novos mundos silenciosamente e em segundos, sendo que todo o cenário do palco pode ser tombado. Isto não há em nenhum outro lugar.

Ou a lendária Biblioteca Joanina, uma obra magistral do barroco, na cidade universitária de Coimbra, em Portugal. Suas estantes são de jacarandá e ébano. Ela tem um acervo de mais de 300 mil volumes, entre eles, 70 mil do começo da era ­moderna e de antes dela. Em nenhum outro continente existem tantos monumentos, casas de ópera, teatros e museus como na Europa.

Mas não é somente a arte antiga que mostra sua presença. Sempre há novas atrações que enriquecem a paisagem cultural da Europa com construções de estilo futurístico. Entre elas, o palácio cultural L’Hemisfèric de Santiago Calatrava em Valência, a Kunsthaus Graz, chamada de “Friendly Alien”, ou o Louvre, é claro! Esta antiga residência dos reis franceses, em Paris, foi inaugurada como “Museu de Arte Central da República”, em 10 de agosto de 1793, exatamente um ano depois da ­abolição da monarquia. Desde 1989, os visitantes ­entram nesse museu de artes através da Pirâmide de Vidro, de Ieoh Ming Pei, que repousa no pátio como uma nave espacial. É cultura dentro e fora! Não é à toa que este continente é o destino turístico mais predileto. São 672 milhões de turistas de fora que passam aqui na Europa as suas férias. A maioria deles, na França, Espanha e Itália.

O lema da UE ‘Unida na ­diversidade’ ­sintetiza a ­identidade dos europeus.

O ímpeto de ousar ir mais longe

Seria necessário ter a longevidade de uma tartaruga de Galápagos para poder visitar os mais importantes templos de cultura da Europa. Há muitos deles que são dedicados às ciências, como o Deutsches Museum de Munique, um dos maiores museus técnicos. Pois isto também é a Europa. Aqui, não somente se encontra o berço da cultura, mas existe também um centro muito criativo de geração de ideias. Foi um europeu que teve a primeira ideia de que era impossível que a Terra fosse um disco plano. Aliás, isto já na Grécia Antiga. A impressão por tipos móveis foi inventada aqui, como também a pizza, o computador, o Natal, o automóvel, o cinema, a psicanálise, a narcose, a penicilina, o futebol ou o feminismo. Isto tudo se deve a um intenso ímpeto de querer se livrar dos antolhos, ousando ir mais longe e pensar muito além das limitações da própria existência.

São 47 países que dividem entre si um continente, sendo que 28 deles se uniram para formar uma união política. Já seria o caso de se ter, às vezes, claustrofobia, se a Europa não fosse como uma boneca russa martrioshka, produzindo constantemente outros aspectos, outras perspectivas, outras coisas maravilhosas, impressionantes e novas. Por um lado, toda nação mantém a sua tradição, a sua obstinação, o seu colorido local e a sua língua. Mas, por outro lado, tudo continua funcionando, também na moda, na música, no cinema, no teatro e nas artes. “Unida na diversidade” é o lema da União Europeia. Ele formula precisamente uma atitude que se caracteriza por uma enorme riqueza de formas e estilos de vida, cujos pontos de concentração são as metrópoles, como Paris, Madri, Berlim, Praga ou Viena. Não é de se espantar que elas, sendo os destinos europeus prediletos, registram muitíssimo mais turistas do que o próprio número de habitantes.

A Europa é inteligente. Por isso, as pessoas sabem que o amor é uma questão culinária. Alguns dos melhores restaurantes do mundo têm aqui seu endereço fino. Mas aqui também há os mais lindos mercados, e, entre eles, alguns mercadinhos impressionantes, como o Markthalle 9 em Berlim, o Nasch­markt em Viena ou o Mercat de la Boqueria em Barcelona. Há cada vez mais europeus que se alimentam na consciência de que quem come assume uma responsabilidade política e moral. É um tema que pode ser muito discutido, pois a Europa possui uma grande vontade de debater. Como em toda ­relação, às vezes se tem de ser chato, não dar bolas e bater a porta. Em todo caso, não existe monotonia. Sempre se trata de dinamismo, expectativa e estar por dentro.
Não obstante, a Europa está muito longe de ser perfeita. Mas é por isso que se tem de gostar dela.

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