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O homem dos 360 graus

A Berlinale atribui o Urso de Ouro honorário ao diretor de fotografia Michael Ballhaus pela obra de sua vida.

12.02.2016
© dpa/Katherine York - Michael Ballhaus

“As cenas de muitos filmes que permaneceram na minha memória foram antes as de como o enredo decorreu ou de quem atuou no filme”, disse uma vez o diretor de fotografia Michael Ballhaus em uma entrevista do semanal “Die Zeit”, emendando: “Mesmo que os diálogos sejam tão importantes, o melhor para mim é quando se pode narrar sem palavras”. Esta afirmação poderia ser o título da sua criação cinematográfica. Na Berlinale 2016, Michael Ballhaus recebe o Urso de Ouro honorário pela obra de sua vida.

O giro de 360 graus da câmara tornou-se sua marca registrada

Nascido em 1935, Michael Ballhaus tinha dezoito anos quando observou Max Ophüls na rodagem do filme “Lola Montez”, tomando então a decisão de se tornar diretor de fotografia. Através dos seus primeiros trabalhos, ele ficou conhecendo o cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder, com o qual deveria rodar quinze filmes, dentre os quais, “O Matrimônio de Maria Braun”, premiado com o Urso de Prata 1979. Mas a sua fama começou com “Martha” (1974). Durante os trabalhos de rodagem, Fassbinder e Ballhaus procuraram encontrar uma solução para o primeiro encontro do casal de jovens, que deveria ser um momento mágico. Ballhaus sugeriu que a câmera fizesse um giro em semicírculo. Fassbinder quis que ela fizesse um giro em círculo máximo. A intensidade provocada pela cena eletrizou os espectadores de tal maneira que o giro de 360 graus se tornou a marca registrada de Ballhaus. Indo em 1982 para Hollywood, ele rodou filmes com muitos cineastas famosos, principalmente com Martin Scorsese. Juntos, eles realizaram sete filmes, dentre eles “A Cor do Dinheiro” (1986), “Os Bons Companheiros” (1990), “Gangues de Nova York” (2002) e “Os Infiltrados” (2006). Hoje, Ballhaus diz sobre os dois cineastas: “Os realmente bons sempre foram um pouco birutas”.

Ballhaus comunicou publicamente em 2014 que sofria de glaucoma desde 1996, que o estava levando à cegueira. Honrando este diretor de fotografia, a Berlinale mostra dez de mais de oitenta filmes. “As cenas que eu filmei se tornam imagens interiores. E, lá fora, um tanto distante, está o filme”.

Berlinale, de 11 a 21 de fevereiro de 2016 em Berlim

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