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“A campeã é a argila”

A premiada arquiteta alemã Anna Heringer constrói em todo o mundo com materiais naturais. Ela tem uma clara preferência.

Carsten Hauptmeier , 22.08.2022
Arquiteta premiada: Anna Heringer
Arquiteta premiada: Anna Heringer © Gerald v. Foris

A arquiteta alemã Anna Heringer constrói em todo o mundo, principalmente com argila, ensina em universidades renomadas e já recebeu inúmeros prêmios importantes por suas obras. Da sua cidade natal Laufen, na fronteira da Alemanha com a Áustria, ela leva para o mundo as suas ideias de como construir para o futuro.

Sra. Heringer, o que significa para a senhora a construção sustentável?
Isso significa que realmente construímos em harmonia com nosso ambiente. Para isso, temos de usar os recursos naturais – e a campeã para mim é a argila. Ela está disponível em grandes quantidades em todo o mundo, mas nós a jogamos fora. Toda escavação para um edifício produz argila que poderíamos processar em fábricas ou manufaturas locais. A argila também pode ser facilmente reciclada. E sabemos há séculos que a argila não tem efeitos colaterais negativos para os seres humanos. Trata-se de um material de construção fantástico em todos os aspectos.

Se houvesse verdade de custos nos materiais de construção, a argila já hoje seria mais usada. Porque então os custos de energia e de eliminação, por exemplo, e também as emissões de CO2 seriam incluídas nos preços dos materiais de construção.

A construção com materiais naturais como a argila é compatível com a alta tecnologia e as casas inteligentes que estão sendo planejadas neste momento?
Sim, é claro. A argila não produz energia, de modo que a tecnologia solar, por exemplo, pode complementar uma casa desse tipo. Além disso, a argila pode ser processada inteiramente à mão, mas também com tecnologia moderna. Trata-se das ferramentas, não do material.

Especialista em argila: Anna Heringer projeta um modelo
Especialista em argila: Anna Heringer projeta um modelo © Alizée Cugney

Seu trabalho recebe prêmios, a senhora ocupa uma cátedra da UNESCO. Mas a senhora também vê uma mudança real de pensamento rumo a mais sustentabilidade?
Há definitivamente um movimento. Quando eu era estudante, construir com argila era um sonho dourado. Hoje leciono em universidades, como a Harvard ou a ETH de Zurique. O tema da construção sustentável está ocupando cada vez mais espaço. Os velhos métodos de construção ainda existem, mas cada vez mais pessoas estão conscientes de que precisamos de mudanças urgentes.

A senhora realizou projetos em todo o mundo. Que diferenças e semelhanças a senhora observou?
A construção é uma necessidade humana básica, não é diferente na Alemanha, em Bangladesh ou em Gana. Todas as crianças brincam de construir. É por isso que a participação das pessoas é tão importante. Nos países do hemisfério sul, esse sentido de comunidade é ainda mais forte, mas ele existe também na Alemanha. Por exemplo, quando fizemos um altar de argila na catedral de Worms, muitas pessoas da comunidade estavam envolvidas. E elas se divertiram muito fazendo isso juntas. A construção sustentável é inibida por demasiadas regras e padrões – e pelo medo. Precisamos ter mais confiança, por exemplo, na construção com argila.

© www.deutschland.de 

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