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Monitorando o clima mundial

Uma torre de pesquisa na Amazônia brasileira está ajudando a desvendar mistérios climáticos ainda sem resposta.

Interview: Verena Kern, 20.02.2023
Frank-Walter Steinmeier na torre ATTO em janeiro de 2023
Frank-Walter Steinmeier na torre ATTO em janeiro de 2023 © picture alliance/dpa

“É aqui que a monitoração do clima mundial acontece, por assim dizer”, Frank-Walter Steinmeier resumiu durante sua visita em janeiro de 2023. O Presidente Federal já havia subido 54 metros até à primeira plataforma intermediária de uma torre de medição na Amazônia brasileira. A torre da estação de pesquisa do Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) tem 325 metros de altura. A geóloga americana Susan E. Trumbore está coordenando o projeto do lado alemão. Ela é diretora do Instituto Max Planck de Biogeoquímica em Iena. Na entrevista, ela explica qual é exatamente o objetivo da ATTO e em que medida a mudança de governo no Brasil está mudando a situação.

Sue Trumbore e o coordenador brasileiro Beto Quesada
Sue Trumbore e o coordenador brasileiro Beto Quesada © ATTO Team

Com a torre de medição de 325 metros de altura do “Observatório da Torre Alta da Amazônia” (ATTO), você explora como a floresta tropical influencia o clima mundial. O que você descobriu?

Nossas principais descobertas mostram: O sistema floresta-atmosfera na Amazônia é complexo. Para dar apenas um exemplo: Agora podemos contar a história de como a floresta produz sua própria chuva. Muitas áreas trabalham juntas para resolver esse enigma. Ecologistas estudam quais espécies de árvores emitem determinados compostos gasosos e como reagem aos estímulos ambientais. Químicos e cientistas atmosféricos que estudam a mistura atmosférica rastreiam então o destino desses compostos. Eles querem descobrir como e onde os aerossóis se formam, sendo pequenas partículas sobre as quais a água pode condensar. Outros estão estudando as nuvens e o que isso significa para a precipitação local e o transporte através dos “rios” atmosféricos para as florestas vizinhas.

Por que a floresta tropical amazônica é tão importante?

As florestas tropicais processam mais energia e água do que qualquer outro ecossistema terrestre. Elas são responsáveis por cerca de 16 por cento da fotossíntese global e armazenam grandes quantidades de carbono em suas árvores e solos. Mas existem grandes lacunas nos sistemas de observação global. Portanto, as florestas tropicais são insuficientemente representadas nos modelos climáticos. Ainda sabemos muito pouco sobre como elas reagirão ao aquecimento global e ao aumento do desmatamento. Também estamos pesquisando isso.

 

A torre do projeto de pesquisa do ATTO na Amazônia
A torre do projeto de pesquisa do ATTO na Amazônia © dpa/pa

O que você mede exatamente?

Nosso grupo no Instituto Max Planck de Biogeoquímica estuda principalmente o papel das florestas da Amazônia no ciclo global de gases de efeito estufa do dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, ou seja, os gases com maior impacto climático. Realizamos medições altamente precisas e podemos assim explicar melhor, por exemplo, porque vemos flutuações sazonais ou anuais.

Sabemos tão pouco sobre essas florestas!
Susan E. Trumbore, Coordenadora do ATTO

A torre de medição, que é mais alta do que a Torre Eiffel, foi inaugurada em 2015. Que perguntas ainda estão em aberto?

Sabemos tão pouco sobre essas florestas! Por exemplo, existem tantas espécies de árvores em um hectare de floresta quanto em toda a Alemanha. Uma questão importante é: Como essa diversidade influencia a resiliência das florestas às mudanças ambientais globais? Com um sistema não perturbado como o ATTO, no meio da floresta tropical, longe dos assentamentos humanos e a 325 metros de altura suficiente para nos tirar da camada atmosférica inferior, estudamos as funções da floresta. Mas também precisamos da compreensão das pessoas que vivem lá para estabelecer um contexto maior.

Quem está trabalhando no projeto e quem o está financiando?

Manter tantas medições de alta tecnologia funcionando o ano inteiro no meio da selva é um desafio técnico e, claro, não é barato. O ATTO reúne mais de 200 pesquisadores, mas também é apoiado por uma grande equipe que faz a manutenção da estação de campo, barcos, geradores e instrumentos. É financiado conjuntamente pela Alemanha e pelo Brasil. Do lado alemão, estão envolvidos o Ministério Federal de Educação e Pesquisa e a Sociedade Max Planck e, do lado brasileiro, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, assim como o INPA, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia de Manaus.

 

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Nos últimos anos, o desmatamento da floresta tropical tem aumentado acentuadamente. Há uma preocupação crescente de que todo o ecossistema possa tombar. O novo presidente brasileiro Lula da Silva quer proteger novamente a floresta com mais força. O perigo já foi afastado?

O novo governo brasileiro se comprometeu a parar o desmatamento. Isso é um bom sinal. Entretanto, precisamos estar cientes do que está impulsionando muito do desmatamento: a demanda externa por produtos como a carne barata. Mas mesmo que o desmatamento diminua agora, a mudança climática afetará as florestas da Amazônia, por exemplo, através do aumento de incêndios, secas, tempestades e enchentes. Essas perturbações têm um impacto na diversidade e função das florestas. Quais exatamente, ainda precisamos entender melhor. Uma coisa está clara: A Amazônia tem uma enorme influência sobre o clima global.

 

O campo residencial e de pesquisa do projeto
O campo residencial e de pesquisa do projeto © dpa/pa

 Espera-se que a torre ATTO esteja em operação por 20 a 30 anos. Que problemas de pesquisa você ainda quer resolver?

Neste tempo de mudanças rápidas, as observações a longo prazo são cruciais, também para outros ecossistemas importantes. Sabemos que nossos modelos ainda estão sujeitos a grandes incertezas. Portanto, precisamos de um entendimento básico de como essas florestas funcionam a fim de prever melhor o que acontecerá no futuro.

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