Os defensores das florestas

Senhora Gotthardt, qual é o engajamento da World Wide Fund For Nature (WWF), uma das maiores organizações de conservação da natureza, no Sudeste Asiático?
Apoio especialmente as organizações da WWF e outras organizações da sociedade civil que estão trabalhando para preservar a biodiversidade e, portanto, também em particular para proteger as florestas ricas em espécies. Isso acontece de várias maneiras. A WWF trabalha com governos, empresas e comunidades para gerenciar e conservar de forma sustentável os corredores florestais entre áreas protegidas. Apoiamos as comunidades indígenas como defensores das florestas e também desenvolvemos modelos de gerenciamento e planos de desenvolvimento sustentáveis e inclusivos. 

Nosso foco é uma combinação de proteção, produção sustentável e restauração de florestas.

Qual o papel da população na proteção das florestas?
A população local tem um papel muito importante a desempenhar. Por um lado, as pessoas são diretamente afetadas pela perda de florestas e de seus recursos. Por outro lado, eles também precisam de oportunidades e perspectivas de renda. É isso que precisa ser unido. No passado, havia altas taxas de desmatamento em muitos países do Sudeste Asiático, principalmente para abrir espaço para novas plantações, como de óleo de palmeira ou borracha. Agora, houve uma reformulação e, felizmente, os números diminuíram, em alguns casos de forma significativa. No entanto, muitas florestas não estão em condições particularmente boas. O que é necessário agora são soluções para a sociedade como um todo que conciliem interesses econômicos, sociais e ecológicos. A WWF se baseia em uma combinação de proteção, produção sustentável e restauração de florestas. A população local deve estar “no lugar do motorista”. Porque ela viveu lá por gerações e está intimamente ligada às áreas. 

Quais são os projetos da WWF no Sudeste Asiático?
Em Sabah, um estado da Malásia, a WWF trabalha com pequenos e médios produtores de óleo de palmeira. O objetivo é introduzir práticas de cultivo mais sustentáveis certificadas de acordo com o padrão da “Mesa Redonda sobre o Óleo de Palmeira Sustentável” (RSPO) em uma área de cerca de 15.000 hectares até 2026. Além disso, um corredor ecológico deve ser criado por meio do reflorestamento de áreas degradadas, o que reverterá as invasões causadas pelo homem. Isso deve devolver à vida selvagem nativa parte de suas rotas naturais de migração. Isso também deve reduzir os crescentes conflitos entre humanos e elefantes na área do projeto e estabilizar as populações de animais selvagens ameaçados de extinção, como, por exemplo, os orangotangos. 

Como você avalia o engajamento da Alemanha na proteção das florestas em todo o mundo?
O governo federal apoia a proteção das florestas em todo o mundo por meio de vários programas de financiamento. Isso é bom e importante. Mas são necessários mais esforços para preservar as florestas para o clima e as gerações futuras. Nos próprios países, a transformação para a produção sustentável deve ser apoiada. A Lei da Cadeia de Fornecimento da UE agora exige que determinados produtos sejam certificados como livres de desmatamento. No entanto, isso representa grandes desafios para alguns dos produtores, especialmente os pequenos agricultores. Aqui são necessários outros ajustes para permitir uma proteção eficaz. Em particular, as empresas que compram matérias-primas também devem assumir a responsabilidade e não somente participar financeiramente. 

Como as pessoas em todo o mundo podem contribuir para a proteção das florestas?
A produção de muitos produtos envolve o desmatamento, como papel, biocombustível e pneus de carro. Mas muitas vezes esse também é o caso indiretamente, como, por exemplo, da carne. Para a produção de carne, a floresta tropical é desmatada para o plantio de soja, pois muitos animais de fazenda são alimentados principalmente com soja. Não é suficiente, por exemplo, substituir o óleo de palmeira por outros óleos, pois esses exigem mais terra por litro de óleo. Em geral, trata-se de ser mais consciente e consumir menos. Existem certificações, como a FSC e a RSPO, que indicam uma produção mais sustentável. Atualmente, o óleo de palmeira orgânico também está disponível, mas em uma taxa muito baixa em todo o mundo e, até o momento, não no Sudeste Asiático. 

Susanne Gotthardt, funcionária da WWF Indonésia, trabalha na World Wide Fund For Nature desde 2011. 

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