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Juntos por um 
clima melhor

As primeiras consultações governamentais 
Brasil-Alemanha, de agosto de 2015, trataram 
de inovação, energias renováveis e outros 
assuntos da parceria.

01.10.2015

A proteção do clima e o desenvolvimento sustentável, questões de alcance global, foram os temas das consultações governamentais da chanceler alemã Angela Merkel, acompanhada por seis ministros e ministras do seu gabinete, durante sua viagem ao Brasil, em agosto de 2015. A cooperação entre os dois países envolveu também os setores da ciência, da inovação e outros temas, segundo se relatou após o encontro em Brasília.

Os dois parceiros se esforçarão para 
que a Cúpula do Clima no final de 2015 em Paris venha a ter sucesso. O empenho em prol da proteção do clima foi um dos resultados centrais das consultações alemão-­brasileiras de dois dias. Novo é que um país industrial e um país emergente se comprometem, numa agenda comum, a abandonar o uso de carvão, gás e petróleo. Os parceiros anunciaram esse compromisso em conexão com a intenção de apostar ainda mais nas energias renováveis. “Sabemos agora que o Brasil tem objetivos arrojados com respeito à energia eólica e solar, mas também à biomassa”, disse Angela Merkel. “Nisso, a Alemanha contribuirá com seu know-how”.

Além disso, a presidente brasileira Dilma Rousseff prometeu chegar a desmatamento ilegal zero da floresta tropical até o ano de 2030 e recuperar 12 mil km2 de áreas desmatadas da floresta. O Brasil também se vê no papel de pioneiro quanto à proteção do clima. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na região amazônica teve uma redução de 15 % entre agosto de 2013 e julho de 2014, o 
que significa uma redução de mais de 80 % nos últimos dez anos. Os ativistas ambientais também reconhecem esse êxito, lembrando todavia que, mesmo que haja uma redução, a destruição continuará.

Desenvolvimento urbano verde

A Alemanha quer dar apoio ao Brasil na questão da proteção da floresta tropical. Entre outras coisas, está previsto apoiar os pequenos lavradores no aproveitamento sustentável das matas e promover o 
reflorestamento. Além disso, deverá ser criado um fundo para contribuir para o financiamento do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).

O Ministério Federal da Cooperação 
Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha disponibilizou, para os próximos dois anos, um total de 551,5 milhões de euros para a cooperação bilateral. Uma grande parte desta soma reverterá em benefício do desenvolvimento das energias renováveis, incluindo também os programas de promoção do desenvolvimento urbano inócuo ao clima, que 
deverá, por exemplo, melhorar a mobilidade nas metrópoles.

Exigir Estado de direito

Ao lado das atividades comuns em prol 
do clima, meio ambiente e energias renováveis, os dois governos firmaram acordo de cooperação em educação e pesquisa. Os desafios da política externa também estiveram na agenda. Terminando as consultações, Angela Merkel e Dilma Rousseff reafirmaram a resolução comum de promover uma ordem internacional baseada no Estado de direito, no multilateralismo e na diplomacia.

Os representantes da economia acompanharam o encontro com bastante interesse. Segundo a Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio, as empresas alemãs ou suas filiais respondem atualmente por cerca de 10 % do PIB do Brasil, tendo todavia de esforçar-se cada vez mais para se impor contra a concorrência da China. A ampliação da infraestrutura brasileira, como em trechos ferroviários, rodovias, aeroportos 
e depósitos de contêineres, está sendo desenvolvida por consórcios internacionais, nos quais a liderança não está necessariamente a cargo da Alemanha.

A indústria alemã vem se esforçando 
para alcançar outra abertura do mercado brasileiro e a simplificação do sistema fiscal. Ela também espera que haja um impulso com respeito ao tema do livre comércio. As negociações que já há mais de vinte anos estão sendo costuradas 
entre a UE e o espaço econômico sul-­americano MERCOSUL ficaram sem resultado até o presente. Mas agora elas estão recebendo um impulso. “O Brasil deu um sinal claramente positivo com respeito à aceleração das negociações sobre o tratado de livre comércio”, constatou Angela Merkel depois do término das consultações.

No mais tardar em dois anos, ambos os países farão um balanço para verificar a realização dos planos alemão-brasileiros. Daí, então, como combinado, o governo brasileiro viajará a Berlim, para dar continuação ao diálogo. ▪