O mundo ligado em rede
A Alemanha assume pela primeira vez a liderança do grupo dos mais importantes países industrializados e emergentes: o G20.

Berlim (dpa) – Os iatistas o reconhecem imediatamente: é um nó direito, que o governo escolheu como símbolo para a presidência alemã do G20. Um nó, que liga duas cordas de igual grossura. Na imagem, cuja metade tem as cores nacionais alemãs negro-vermelho-dourado, o nó não está apertado e o lema é: «Configurar o mundo interligado».
Portanto, está em aberto o desenvolvimento dos 19 mais importantes países industrializados e emergentes, bem como da União Europeia. Os chefes de Estado e de governo se interligarão de forma mais estreita – como a globalização realmente exige? Ou irão isolar novamente os seus países, pondo os seus óculos nacionalistas – como se teme agora do presidente eleito dos EUA, Donald Trump?
O governo alemão, sob liderança da chanceler Angela Merkel, quer incentivar a primeira variante: interligar o mundo, dando apoio às pessoas, do Leste ao Oeste e do Sul ao Norte, no seu cotidiano cada vez mais acelerado e marcado pelas influências internacionais. Configurar o mundo interligado – esse não é um lema óbvio para um governo nos tempos atuais, quando se observa o nacionalismo em outros países, afirmaram diplomatas em Berlim, na terça-feira.
Nesta quinta-feira, a Alemanha assume pela primeira vez a presidência do G20 por um ano. Precisamente em 2017, quando será eleito em setembro um novo Parlamento Federal. Por essa razão, a reunião de cúpula na cidade natal de Merkel, Hamburgo, será já em julho e não no outono setentrional, como é de praxe.
Do contrário, não haveria certeza de Merkel como anfitriã. Dessa forma, seu governo tem de realizar toda a programação em apenas sete meses. Um cálculo com grandes incógnitas. Não é certo, qual o interesse que o novo governo dos EUA terá no processo do G20. Trump assumirá o cargo e dará início ao seu governo apenas no final de janeiro.
Mas já em fevereiro reúnem-se os ministros de Relações Externas e em março, os ministros das Finanças. O chefe da pasta alemã das Finanças, Wolfgang Schäuble, considera possível também um fracasso da presidência alemã do G20, afirma-se. É grande a preocupação de que os EUA abandonem os caminhos já trilhados na proteção do clima, no comércio, na luta contra os paraísos fiscais, em toda a regulação do mercado financeiro.
Apesar disso, Merkel considera que o processo do G20 é mais importante que nunca. Esse megaencontro não perde sua importância, apesar de todos os esforços e custos. «O contrário é o caso», afirmou Merkel no seu vídeo-podcast do sábado passado. A História demonstrou, que a concentração apenas no próprio país sempre causou danos.
Merkel quer fazer da África um ponto prioritário em 2017: «A África é o continente, que mais fortemente ficou desacoplado do desenvolvimento econômico de toda a humanidade». A questão principal é: «Como podemos passar da clássica ajuda para o desenvolvimento para um desenvolvimento realmente econômico dos países africanos – e de forma realmente independente? » Muita coisa já é boa e correta, «mas ainda não trouxe suficientes resultados».
Merkel quer incluir também mais fortemente as organizações não governamentais e deixar os críticos se manifestarem amplamente. Bem diferente do que ocorreu na cúpula do G20 em setembro na China. A globalização deve ser «configurada de maneira humana» e, ao mesmo tempo, deve-se cuidar de que haja uma ordem financeira e econômica sensata. E para aproximar melhor a população à cúpula do G20, o tema da saúde pública desempenhará também um papel importante durante a presidência alemã.
O grupo dos 20 foi fundado em Berlim, em 1999, como reação à crise financeira na Ásia, mas inicialmente apenas como um fórum dos ministros das Finanças. Os chefes de Estado e de governo só passaram a participar em 2008. Desde então, a sua reunião de cúpula é tida como o evento central para a comunicação econômica e de outros temas, mesmo que sem resoluções. Há diálogo. Mas sem diálogo não funciona nenhuma política mundial. Atualmente, o G20 constitui o único fórum, no qual por exemplo o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reúne-se com os governos ocidentais. «Se nós trabalharmos cada um por si, não poderemos solucionar os problemas do mundo», afirma Merkel.
Voltando ao nó direito. Sobre ele, pode-se ler na literatura especializada que é pouco apropriado, quando a saúde e a vida dependerem dele. Mas principalmente, que não é seguro, quando as duas cordas forem desiguais.
Fonte: dpa; tradução: FSM
Mais informações:
Com o início da presidência alemã do G20, o portal oficial de internet do grupo internacional foi reconfigurado, sob o endereço www.g20.org.