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Terra das 
Rochas

A paisagem bizarra e original das Montanhas de Arenito do Elba impressiona seus visitantes.

21.03.2014
© subtik_E+ - Elbe Sandstone Mountains

Apenas uma meia hora durou a viagem de carro a partir de Dresden, até aparecer à esquerda da rodovia federal 172 o primeiro platô, parecendo que lhe fora arrancado o pico. Ele é um marco paisagístico. A rodovia desce em direção ao vale do Elba e serpenteia em curvas. Do lado, o bosque nas colinas íngremes parece chegar cada vez mais próximo. O destino foi alcançado: a Suíça Saxã-Boêmia ou as Montanhas de Arenito do Elba – bem no leste da Alemanha, pouco antes da fronteira com a República Tcheca. Ambas as denominações referem-se à mesma região e exprimem, contudo, percepções inteiramente diversas. Sóbrio, praticamente sisudo, é o conceito das Montanhas de Arenito do Elba. A gente vê formalmente as pesadas pedras de cantaria, que eram transportadas antigamente em carretas de madeira e hoje em caminhões para a vizinha capital estadual Dresden, onde davam brilho à cidade. As montanhas são reduzidas ao seu material, o arenito. Ao contrário, o nome “Suíça Saxã” descreve uma outra maneira de ver, até mesmo uma outra sensibilidade de vida. O nome originou-se supostamente de dois pintores de paisagens suíços, que ali encontraram tantos lugares e motivos pitorescos, como só existiam na sua terra natal.

Geologicamente, a origem dessa paisagem é bastante remota. Há milhões de anos, no 
Período Cretáceo, a região ainda estava submersa. Até hoje, ainda existem vestígios disto. A erosão subsequente desgastou as rochas, deixando formas bizarras. As colunas rochosas, às vezes denominadas agulhas, cunharam a imagem da região. No jogo de luz e sombra, de vento e intempéries, as formas se transformam e fazem surgir imagens sempre novas na mente do observador. Um guia turístico fala de “contos de fada das rochas”. Isto se refere àqueles lugares misteriosos que já geraram muitas lendas. Como a do Portão Rochoso de Uttewald. Lá, o diabo teria jogado um pedaço de rocha num homem piedoso. Dois anjos empurraram rapidamente duas paredes rochosas para que pudessem aparar a enorme pedra, que ainda hoje está encalhada entre elas e conta aos caminhantes a história dos anjos. A Suíça Saxã é rica em histórias da vida, marcadas em pedra.

É a natureza que atrai as pessoas à Suíça Saxã há 200 anos, desde os tempos do Romantismo. Naquela época, foram os estudantes da Academia de Arte de Dresden. Eles vinham em busca de motivos para pintura. Entretanto, sua trilha, a Maler­weg, foi reconstruída e tornou-se uma rota de 112 quilômetros de extensão. Ela conduz o caminhante através dessa paisagem, com base nas conhecidas imagens do Romantismo, como “Caminhante sobre o Mar de Névoa”, de Caspar David Friedrich. O observador torna-se uma parte da obra de arte.

O caminho é o destino e em algumas etapas torna-se um desafio. Aqui, os pés são o meio de locomoção mais importante. Há um total de 1200 quilômetros de trilhas marcadas para caminhadas. Principalmente na margem direita do Elba, onde o Parque Nacional da Suíça Saxã transpõe a fronteira quase imperceptível para a Suíça Boêmia, numerosos caminhos conduzem à natureza e através dela, que reassume pouco a pouco o caráter de mata virgem. Grandes partes já são deixadas agora à mercê da natureza, noutros lugares o ser humano ainda presta ajuda, cortando árvores que, na verdade, não fazem parte da vegetação autóctone. A estas regiões também retornou a fauna original – falcões-peregrinos e salmões vivem ali novamente. Também os linces puderam ser reintegrados à região. Na periferia das Montanhas de Arenito do Elba, os biólogos já avistaram até mesmo lobos.

Vestígios foram deixados sobretudo pelo homem na sua longa história de colonização. Enorme e, à sua época, inexpugnável é a fortaleza de Königstein, no alto sobre o Elba, ou a Bastei que não está longe. Hoje, elas são grandes atrações turísticas. As igrejas são testemunhas históricas silenciosas, que atestam 1000 anos de História humana. Quanto mais a gente se aprofunda, tanto mais pode descobrir. Todo lugar tem sua própria programação, suas próprias atrações. Há eventos isolados, como teatro no palco rochoso de Rathen ou o Mundo de Descobertas de Elbsandstein. Os adeptos das ferrovias encontram diversos trens de bitola estreita com locomotivas a vapor. E para o vale de Kirnitzsch transita até mesmo um bonde. Relatar tudo poderia reduzir a alegria da descoberta. Mas uma coisa é preciso mencionar ainda: o montanhismo. As rochas da Suíça Saxã conclamam de forma mágica a que sejam escaladas. As crianças o tentam nas rochas mais baixas, para o desagrado dos pais, e os jovens arriscam-­se a escalar as grandes alturas.

O montanhismo foi inventado na Suíça 
Saxã, afirmam alguns. Isto não é verdade, pois outras montanhas também atraem à escalada. Mas há cerca de 100 anos foram instituídas ali as regras do montanhismo, que ainda hoje são válidas para o “free climbing”: equipamentos técnicos só são permitidos para a segurança, mas a escalada é feita apenas com as mãos e os pés. Não se pode escalar todas as colunas rochosas, mas 21 000 trilhas de escalada conduzem aos 1100 picos liberados para o montanhismo. São muitas as possibilidades, mas ainda assim ocorrem congestionamentos em alguns trechos.

A Suíça Saxã-Boêmia não é grande. Sua área central, que pertence ao Parque 
Nacional, compreende apenas 160 quilômetros quadrados. A totalidade das Montanhas de Arenito do Elba perfaz uma área de 700 quilômetros quadrados. Saindo de Dresden e de toda a Saxônia, chega-se lá fácil e rapidamente – de carro, de trem, de barco ou de bicicleta. E no destino, cada um encontra o seu próprio lugar. ▪