“Em forma para o mundo globalizado”
As Escolas Internacionais Alemãs educam os cosmopolitas de amanhã. Um diálogo sobre os êxitos e os planos do futuro

Sr. Lauer, por que as Escolas Internacionais Alemãs são especialmente importantes?
Elas são instituições de educação multicultural, que juntam o melhor de todos sistemas e nunca buscam apenas metas nacionais. Elas estão abertas a tudo, o que traz benefícios às crianças. Todos os alunos e alunas sob nossos cuidados são não apenas bilíngues, mas obtêm também uma escolaridade multicultural. Com isto, logram uma qualificação, que os torna aptos para a era da globalização. Os jovens podem vir para a Alemanha se quiserem, e podem compreender não apenas a língua alemã – eles compreendem a Alemanha. Eles podem estabelecer pontes valiosas, criando ligações nos dois sentidos. Gostamos de citar o gabinete ministerial mexicano, do qual faziam parte, temporariamente, quatro ministros que frequentaram a Escola Alemã Alexander von Humboldt quando criança. A socialização escolar é muito profunda, todos sabemos disto.
O que o senhor responde àqueles que veem as Escolas Internacionais como instituições de ensino para filhos de alemães e para as elites?
Apenas cerca de um quinto dos alunos das Escolas Internacionais é alemão. Quase quatro quintos dos alunos são dos países anfitriões. Mas temos, naturalmente, de manter uma oferta para as famílias alemãs no exterior. Há pouco, uma grande empresa alemã nos pediu ajuda, pois sem uma escola alemã ela praticamente não consegue pessoal para uma importante filial na China. Por outro lado, nos países anfitriões, desejamos dirigir-nos também às pessoas com consciência educacional. E isto, elas devem ter, pois os rapazes e moças que frequentam a escola alemã querem obter via de regra o certificado alemão Abitur. Nós constatamos de maneira geral que os alunos das Escolas Internacionais Alemãs são muito orientados para o êxito e que, mais tarde, ocupam com frequência posições excelentes. E não apenas porque seus pais fazem parte da classe média alta. Pois em todas as escolas existem modelos de integração social, por exemplo, nos chamados novos níveis secundários. Neles, as escolas admitem especialmente crianças, cujos pais não podem pagar as taxas escolares. Examinando seus desempenhos, constatamos: eles são geralmente excelentes. Nas Escolas Internacionais Alemãs é fomentada uma elite cultural e não uma elite financeira.
E que acontece após a conclusão da escola?
Não há ainda nenhum levantamento conclusivo, mas nós recebemos avaliações do setor universitário alemão. Nós trabalhamos estreitamente com o DAAD, que concede bolsas integrais no âmbito da Iniciativa das Escolas Parceiras. As avaliações são excelentes. Pode-se dizer, de maneira geral, que os formandos das Escolas Internacionais Alemãs e das escolas com diploma da língua alemã (DSD) obtêm êxitos significativos nos estudos universitários na Alemanha. Nossos ex-alunos estudam geralmente com sucesso – também em outros países.
Há sinais políticos de que as Escolas Internacionais Alemãs deveriam dedicar-se mais à formação profissional dual. Isto é realista?
A formação profissional dual não é algo novo para as Escolas Internacionais. Isto já existe há décadas, com prioridade na América Latina, onde os centros de formação profissional estão diretamente integrados nas escolas alemãs. E na Espanha existem escolas profissionais autônomas, as escolas profissionais FEDA em Madri e Barcelona. Mas não é sempre tão simples, pois a formação dual ainda é desconhecida em muitos países e sua associação com a língua alemã é algo ambicioso. Temos de verificar exatamente quantas empresas no exterior desejam uma formação dual e podem realizá-la. Mas eu considero isto uma meta sensata. Nosso trabalho na política cultural e educacional externa é marcado pelo fomento da língua alemã, mas na formação profissional temos de nos perguntar, quanto conhecimento de alemão é necessário, por exemplo, nas profissões industriais técnicas. Estamos desenvolvendo conceitos com uma parte reduzida de alemão, a fim de não criar já de antemão uma barreira, através de uma alta exigência da língua. E o sistema em seu todo tem de ser organizado com precisão. É necessária não apenas a incumbência política, tem de haver também a garantia de que os recursos orçamentários estarão disponíveis permanentemente.
Quanto aos desafios especiais: que papel desempenham as Escolas Internacionais Alemãs nas sociedades em transformação?
As escolas alemãs são instituições com até mais de 100 anos de existência. Esse é o seu ponto forte. As escolas alemãs não são nenhum projeto que reage por curto prazo a uma situação política qualquer. Mas, com nosso trabalho, podemos fortalecer impulsos e apoiar-nos na qualidade das escolas tradicionais. No Egito, por exemplo: tínhamos lá três grandes escolas alemãs com prestígio em todo o país e muitos ex-alunos, que tiraram proveito da sua formação nelas. Isto marcou-os tanto, que alguns fundaram uma escola alemã própria, pois as existentes não podiam atender à grande demanda. Com a Iniciativa das Escolas Parceiras, nós aproveitamos o interesse e pudemos, ainda antes da Primavera Árabe, incluir outras escolas no círculo das Escolas Internacionais Alemãs. O Egito é agora um país prioritário. Os efeitos das escolas alemãs são pois de longo prazo, é uma educação baseada na democracia e nos valores.
No futuro, como se desenvolverão as Escolas Internacionais Alemãs?
Terá prosseguimento a enorme tendência positiva que vemos desde a Iniciativa das Escolas Parceiras. Desde 2008, somente as escolas com diploma de língua alemã duplicaram, chegando a 1100. Nas Escolas Internacionais Alemãs e nas escolas DSD, temos cerca de 430 000 alunos, número que corresponde aproximadamente à população do Estado da Renânia Palatinado. No setor escolar, a rede de escolas internacionais é o 17º Estado da Alemanha. No congresso mundial das Escolas Internacionais Alemãs, em maio de 2014 em Berlim, o ministro das Relações Externas, Frank-Walter Steinmeier, mostrou novamente, o quanto ele nos apoia. Isto vale também para a subcomissão “Política Cultural e Educacional Externa”, do Parlamento Federal Alemão. Mas não podemos contentar-nos com os êxitos já obtidos. Temos de trabalhar no desenvolvimento qualitativo, nossas escolas têm de continuar entre as melhores. E vamos cuidar de que os componentes sociais não sejam negligenciados. Temos de levar adiante também o setor da aprendizagem inclusiva e integrativa, para que as Escolas Internacionais Alemãs também sejam consideradas realmente como escolas comunitárias. ▪