A guerra atinge mulheres e crianças

Senhora Rossbach, qual é a situação aí na Aliança das Organizações Alemãs de Ajuda?
Temos atualmente 21 organizações da nossa aliança que estão prestando ajuda humanitária de emergência às pessoas na Ucrânia e às que vêm desse país. Essa ajuda está dividida em três segmentos regionais, ou seja, na Ucrânia, nos Estados vizinhos e na Alemanha. Na Ucrânia e nos países vizinhos existe a oferta clássica de ajuda, com recursos médicos, água, meios alimentícios, pacotes de higiene, acampamentos noturnos, em muitos dos quais também há acompanhamento psicossocial, o que é uma grande ajuda para os que fogem da guerra. Na Alemanha, por outro lado, estamos nos ocupando com a preparação dos primeiro centros de acolhimento. Aqui, o pessoal das nossas organizações está se preparando para outras ondas de refugiados, para que as ações lá sejam bem preparadas e distribuídas. Temos que nos preparar para uma ação de emergência que ainda irá demorar muito tempo.  

São principalmente mulheres e crianças que estão fugindo...
Sim, a guerra atinge as crianças com toda violência. São milhares de crianças que estão tentando fugir da guerra na Ucrânia. Dado que os homens de 18 a 60 anos de idade foram obrigados a permanecer no país para que sejam recrutados, são então as mulheres, as crianças e os idosos que estão trilhando o difícil caminho da fuga. E são estas pessoas que estão dependendo muito da nossa proteção. E é isto que estamos fazendo: World Vision construiu centros de proteção de crianças na fronteira entre a Ucrânia e a Romênia. Nesses centros, as meninas e os meninos têm a calma necessária e se encontram em segurança. Eles podem brincar, fazer atividades manuais e aprender. Muitas dessas crianças vêm completamente sozinhas. A associação da Johanniter já evacuou 65 crianças gravemente doentes, levando-as com seus parentes para as clínicas da Polônia. Depois, elas vêm para Alemanha, onde são tratadas nos hospitais alemães, recebendo importantes cuidados medicinais, como já foi o caso de duas delas.

Quantas pessoas estão sendo afetadas?
Segundo o UNOCHA, são 18 milhões de pessoas na Ucrânia que estão sofrendo os efeitos da guerra , sendo que 12 milhões estão necessitando de ajuda humanitária. Mais de 3 milhões já fugiram desde o começo do conflito. Uma grande parte destas pessoas foi acolhida pela Polônia. A Hungria, a Eslováquia, a Romênia e a República da Moldávia  também acolheram de dez a cem mil refugiados. Segundo dados oficiais, cerca de 200 mil refugiados da Ucrânia já foram acolhidos na Alemanha. A ONU calcula que o número de refugiados chegará aos 10 milhões de pessoas e que esta poderá ser a maior crise de refugiados deste século na Europa.

Como a senhora vê a solidariedade na Alemanha?
Estamos vendo uma grande onda de solidariedade desde o começo da guerra. O número de doações já é, agora, muito maior do que no caso de outras catástrofes, sendo comparável com as ajudas feitas depois do “tsunami de 2004” e da “inundação de 2021”. Ao mesmo tempo, outras crises estão perdendo o interesse público, como a fome no Iêmen, a guerra na Síria ou as secas na África, que estão causando a morte de crianças, mulheres e homens. Não devemos esquecer essas pessoas que precisam urgentemente de meios de sobrevivência e de ajuda humanitária.

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