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Quais serão os primeiros a receber a vacina?

O mundo está esperando por uma vacina contra o coronavírus. Quem será vacinado, quando ela chegar? A Dra. Ilona Kickbusch tem uma solução.

26.05.2020
Procurada: uma vacina contra o coronavírus
Procurada: uma vacina contra o coronavírus © picture alliance / Klaus Ohlenschläger

Senhora Dra. Kickbusch, todo mundo está esperando por uma vacina contra o coronavírus. Mas, quando ela estiver à disposição, teremos de responder a uma segunda pergunta: Quem a receberá em primeiro lugar?

Necessitamos de diretivas globais e de leis nacionais de implementação. Para tanto, a Organização Mundial de Saúde instituiu um grupo de trabalho que está elaborando sugestões e diretivas éticas. Estas poderiam, então, ser aprovadas pelos países membros. Elas poderiam ser mais difíceis do que para as vacinas que já são acessíveis aos países em desenvolvimento, dado que existe uma grande pressão de aquisição por parte dos países ricos.

Requisitada: Ilona Kickbusch, perita em saúde global
Requisitada: Ilona Kickbusch, perita em saúde global
 Seria um fato histórico se conseguíssemos abordar a vacina como sendo um ‘bem público’.
Ilona Kickbusch, perita em saúde global

O secretário-geral da ONU, Guterres, disse que seria possível declarar a vacina como sendo um “bem público”...

Se pudéssemos considerar a vacina como um “bem público – o que seria um fato histórico –, seria muito importante que todos aprovassem juntos as diretivas. Ser um bem público significa que a Comunidade Mundial assume os custos desse desenvolvimento e se responsabiliza por uma distribuição justa, sendo que isso não pode gerar lucros.  A vacina poderia ser colocada à disposição da Organização Mundial de Saúde ou das Nações Unidas, no contexto de um “Patentpool”.

A vacina poderá estar à disposição de todos, em quantidade suficiente e em curto prazo de tempo?

Isso será difícil, pois estamos falando de bilhões de doses necessárias, de capacidades de produção, de recipientes de vidro, de possibilidades de armazenamento, de cadeias de fornecimento e assim por diante. Atualmente há fortes argumentos a favor de fábricas descentrais, porque ninguém quer sobrecarregar as fábricas existentes e porque não se quer pôr em perigo a produção de outras vacinas. Por isso, as firmas e os produtores têm de ser incluídos na discussão desde o princípio. Temos de encontrar juntos o melhor modelo, para que a vacina de Covid-19 possa se tornar a 2ª maior “People‘s Vaccine” depois da vacina de poliomielite.

Como se poderia assegurar que os países mais pobres não sejam novamente desfavorecidos?

Precisamos de estratégias para países e regiões, nos quais não existe um sistema de saúde confiável e para grupos vulneráveis, como os de migrantes, requerentes de asilo e refugiados. Temos organizações que possuem boa experiência com a distribuição de produtos: a UNICEF, o PMA, a AGVI, o Fundo Global, o  Programa Poliomielite. Também se falou de uma agência global de aquisição. Ainda não existem regras vinculativas, mas há elementos como o Acordo TRIPs, que permite aos Estados membros contornar o direito de patentes, para superar as crises no sistema de saúde público. E há também modelos de doação, como o de uma firma que se dispôs a doar o primeiro bilhão de doses.  

Ilona Kickbusch é reconhecida mundialmente pela sua contribuição para a promoção da saúde e para a saúde global. Desde 2008, ela é diretora do Programa Global de Saúde no Instituto Universitário de Estudos e Desenvolvimento Internacionais de Genebra.

Entrevista: Martin Orth 

© www.deutschland.de

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