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Como será a cidade do futuro?

Uma especialista em desenvolvimento urbano esclarece como as cidades em crescimento podem permanecer agradáveis e como a moradia e a mobilidade precisam transformar-se.

Tanja Zech, 03.08.2018
Stadtleben
© Westend61/Getty Images

Ulrike Gerhard é professora de Geografia Urbana na Universidade de Heidelberg. Ela é diretora do Reallabor Urban Office Heidelberg. Isso é pesquisa em tempo real: em quatro projetos urbanísticos, os cientistas acompanham, entre outros, a transformação de sociedade industrial para sociedade do conhecimento, novos conceitos de moradia e formas da participação dos cidadãos, por exemplo, na configuração local da virada energética.

Professora de Geografia Ulrike Gerhard
Professora de Geografia Ulrike Gerhard © privat

Professora Gerhard, todos querem mudar-se para a cidade? A população urbana cresce. Que desafios são enfrentados por esse desenvolvimento nas cidades da Alemanha?
Nem todas as cidades crescem. Algumas até mesmo encolhem. Isso confronta os urbanistas com desafios variados. A pergunta central é: como devemos configurar a cidade do futuro? Os temas são mobilidade, poluição do meio ambiente e o mercado imobiliário. Mas, antes disso, devemos debater sobre o que desejamos realmente das nossas cidades. A população é tão heterogênea, que não se pode fazer jus a todos, sendo necessário encontrar um consenso.

Como se logra isso?
Muitos atores precisam reunir-se em uma mesa: políticos, planejadores, investidores e – é claro – os habitantes da cidade. Há muitas possibilidades de participação, por exemplo em assembleias de cidadãos e exposições de projetos de construção, nas votações on-line, através de aplicativos e de “crowdsourcing”. O importante é que o desenvolvimento urbano seja transparente.

Os interesses econômicos bloqueiam um desenvolvimento urbano sustentável?
Não, não necessariamente. De que adianta um projeto altamente rentável, se ele levar à segregação e a novas disparidades? Economia, ecologia e aspectos sociais são os três pilares do desenvolvimento urbano. A sustentabilidade não pode assim ser apenas uma declaração vazia. Por exemplo, na construção de moradias. Os municípios poderiam comprometer os investidores a alugar um terço dos apartamentos a preços realmente módicos e outorgar as concessões de acordo com critérios sociais.

A escassez de moradias nas cidades alemãs é muito problemática?
Eu considero que a chamada “crise de moradias” é, em parte, superestimada. A maioria das pessoas dispõe de moradia – só que nem sempre são as que se deseja. Em decorrência da transformação demográfica, nós necessitamos de novos modelos de moradias, que sejam apropriados por exemplo para os estudantes ou para as pessoas mais velhas: moradias conjuntas para várias gerações, miniapartamentos ou apartamentos que possam ser adaptados, de maneira flexível, às necessidades de cada fase da vida.

Nós temos de reduzir drasticamente o trânsito de carros nas cidades.
Ulrike Gerhard, professora de Geografia Urbana

E o que ocorre com o planejamento do trânsito?
Neste caso é necessário repensar tudo radicalmente. Precisamos reduzir drasticamente o trânsito de carros, pois todos pagam o preço da poluição sonora e ambiental. Deveria ser muito mais caro mover-se na cidade com automóvel do que utilizar os transportes públicos. Por isso, eu sou favorável ao transporte público gratuito. Outras possibilidades são a redução dos estacionamentos e um novo fomento do trânsito de bicicletas. Certas cidades pensam até mesmo em teleféricos.

A que conclusões a senhora chegou até agora no Reallabor Urban Office?
A cidade sustentável é uma cidade em aprendizagem. Os planejadores urbanos deveriam ter mais coragem para novidades e ser persistentes, mesmo quando há resistências ou críticas, seja quanto aos bairros de “casas passivas” ou no que se refere ao transporte público gratuito.

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