Onde os unicórnios prosperam
O número de startups alemãs está aumentando, inclusive aquelas com uma avaliação superior a um bilhão de dólares americanos.

Realizar suas próprias ideias e começar com o pé direito – esse é o sonho de muitos fundadores de empresas. Na Alemanha, cresce a disposição para trabalhar na realização desse sonho: Em 2024, foram criadas 2766 startups, um aumento de onze por cento em relação ao ano anterior. A diversidade das empresas é quase ilimitada e reflete o avanço tecnológico – desde diagnósticos baseados em IA até mobilidade sustentável e tecnologia agrícola inteligente.
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Abrir formulário de consentimentoQuantune, por exemplo. Fundada em 2020, a startup de Berlim desenvolveu um mini espectrômetro para o pulso. Isso permite medir biomarcadores como glicose, lactato, colesterol ou ácido úrico de forma simples, rápida e em tempo real. A empresa de tecnologia da saúde já recebeu vários prêmios, incluindo o “KfW Award Gründen”, concedido pelo banco estatal KfW. E, muito importante: A startup concluiu com sucesso sua primeira rodada de financiamento.
Berlim para fundadores: criativa, acessível, internacional
Berlim é há muito tempo um epicentro do cenário empreendedor alemão. Desenvolvedores, designers e profissionais de negócios de todo o mundo são atraídos para a Spree. Um em cada três fundadores tem formação internacional. Por que a capital alemã é tão atraente? Muito simples: Berlim é uma metrópole atraente, relativamente barata e tem ainda uma grande vantagem: Muitos investidores de capital de risco alemães estão aqui.
Há dez anos, o capital de risco era raro na Alemanha. Após o pontapé inicial, novas empresas inovadoras rapidamente se expandiram para o exterior. Atualmente é diferente: O financiamento na fase inicial está a funcionar bem. Muito dinheiro privado está sendo investido em empresas jovens. O governo federal, os estados federados e os municípios também oferecem incentivos em muitos setores. O fundo estatal para o futuro disponibilizará dez bilhões de euros para startups até 2030. Também para fases posteriores, existem muitas possibilidades de reunir investidores e startups, em breve também a nível da UE. “O desenvolvimento do mercado de capitais europeu é fundamental para o sucesso a longo prazo das startups aqui”, afirma Sebastian Pollok, da Associação de Startups. “As ofertas públicas iniciais oferecem a oportunidade não apenas de reforçar a competitividade global da nossa economia, mas também de criar um ciclo de financiamento autossustentável para startups.”

Silicon Saxony no Elba
Mudança de cenário: Em Dresden, no Elba, Bitteiler chama a atenção. O projeto derivado da Universidade Técnica desenvolveu um software que comprime os dados do sensor com a ajuda da inteligência artificial (IA). “Isso significa que eles podem usar mais sensores, coletar dados melhores e treinar modelos de IA mais robustos sem precisar atualizar sua infraestrutura”, explica a fundadora Maroua Taghouti no LinkedIn. As áreas de aplicação são a produção industrial e a robótica. A Bitteiler emprega menos de dez funcionários, mas esteve presente na Feira de Hanôver em abril de 2025, provavelmente a maior vitrine da indústria alemã.
Ao mesmo tempo, a Bitteiler é um bom exemplo dos ecossistemas que se formaram também em outras regiões da Alemanha, longe das metrópoles. Na Saxônia, surgiram quase 700 startups nos últimos anos, incluindo a Staffbase e a Sunfire, duas empresas avaliadas em bilhões de dólares, conhecidas como “unicórnios”, ou seja, startups com valor superior a um bilhão de dólares americanos. Hoje em dia, Dresden é a “Silicon Saxony”, um dos principais polos de microeletrônica da Europa. Empresas globais como Infineon, Bosch ou GlobalFoundries cooperam com empresas de médio porte e instituições de pesquisa, como a TU Dresden ou as instituições das Sociedades Fraunhofer e Max Planck e a Associação Helmholtz. Isso impulsiona novos modelos de negócios. Além disso, os custos de vida e operacionais em Dresden são relativamente baixos. Isso cria liberdade financeira para fundadores e fundadoras.

Densa rede em Munique
Por outro lado, a vida em Munique é mais cara. A popular capital da Baviera construiu um ecossistema eficiente, denso e extremamente bem-sucedido, principalmente em torno da Universidade Técnica de Munique (TUM). O Financial Times acaba de colocar novamente o centro de startups UnternehmerTUM em primeiro lugar na Europa.
Os moradores de Munique apoiam os fundadores e as fundadoras na construção de protótipos e na apresentação de projetos a investidores de capital de risco, bem como com dicas de comportamento para futuros gerentes. Um ponto forte é a ampla rede que une grandes empresas como a Airbus e a BMW com pequenas e médias empresas, universidades, investidores e autoridades. Ideias baseadas em tecnologia com profundidade científica ou de engenharia têm as melhores oportunidades em Munique.

A ideia certa na hora certa
Por exemplo, Helsing: Fundada em 2021, a empresa desenvolve software baseado em IA para aplicações militares. Desde a invasão russa da Ucrânia em 2022, os drones Helsing estão em operação no país. Em 2024, a empresa conseguiu garantir um financiamento de 450 milhões de euros. Atualmente, a Helsing tem mais de 400 funcionários e vale cinco bilhões de euros.
Com isso, a Helsing tornou-se, em pouco tempo, uma das empresas alemãs avaliadas em bilhões. Nos últimos anos, esse número mais que dobrou na Alemanha, chegando a 28. “O número de unicórnios na Alemanha e na Europa tem crescido constantemente nos últimos anos”, afirma Verena Pausder, presidente do conselho da Associação de Startups: “Isso é uma prova da nossa capacidade de inovação.”
Mas nem sempre o sonho se torna realidade. Segundo Rafael Laguna de la Vera, há três fatores determinantes para o sucesso das empresas jovens: “a mentalidade certa, a vontade de inovar e a disposição para assumir riscos”. Laguna de la Vera dirige a Agência Federal para Inovações (SPRIND), que desde 2019 identifica, acompanha e financia inovações. A agência oferece financiamento particularmente rápido, desburocratizado e direcionado - 220 milhões de euros somente em 2024. “A era dos fundadores 2.0 está chegando”, afirma Laguna de la Vera com toda a certeza.
Um apoio inesperado vem dos EUA. O modelo cultural norte-americano, até agora atraente e voltado para o exterior, pode perder seu apelo devido à política restritiva de Donald Trump, segundo o diretor da SPRIND: “Todos os cérebros brilhantes queriam ir para lá, mas isso agora está mudando.” A situação atual é, portanto, uma grande oportunidade para a criação de empresas ainda mais promissoras na Alemanha e na Europa.