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Cidades habitáveis e sustentáveis

Como queremos morar, trabalhar e viver no futuro? Os urbanistas e arquitetos estão trabalhando para projetar as cidades do futuro. 

Carsten Hauptmeier, 30.11.2022
Cidades habitáveis  e sustentáveis
Cidades habitáveis e sustentáveis © AdobeStock

Não em Berlim ou Nova York, mas na pequena cidade de Winnenden, no sudoeste da Alemanha, está sendo construído um bairro urbano que pretende ser um modelo global. Na cidade próxima a Stuttgart com 30.000 habitantes, está previsto um bairro no qual apartamentos, lojas, escritórios, oficinas e pavilhões industriais estão localizados em ruas próximas. O projeto é chamado de “Produtivo Bairro Urbano” e rompe com um princípio generalizado: a separação entre trabalho, vida e lazer. Em particular as instalações industriais ainda estão localizadas geralmente longe das cidades. 

O projeto foi desenvolvido como parte da Exposição Internacional de Construção Civil de 2027 da Região da Cidade de Stuttgart (IBA’27), que é dedicada à pergunta: “Como vivemos, moramos e trabalhamos na era digital e global?” Uma resposta é dada pelo projeto para o bairro urbano de Winnenden, que foi premiado num concurso de planejamento urbano: Trata-se de uma “nova mistura de indústria, comércio, vida e lazer”, diz o diretor da IBA, Andreas Hofer. “Não conheço nenhum outro exemplo no mundo, onde isto tenha sido implementado desta forma”. 

Hofer acredita que é necessário repensar o desenvolvimento urbano: “Até agora, o credo tem sido que morar, trabalhar e lazer ocorrem em locais diferentes. Mas esse é um credo falso, porque não existe mais razão para isso”. Isto ainda teve origem no início da industrialização há 150 anos, “quando as fábricas cheiravam mal e faziam sujeira”, diz o arquiteto suíço e diretor da IBA. 

Fora com o parque industrial distante 

As consequências desta separação são amplas: significa não apenas que o local de residência e o local de trabalho estão muitas vezes a quilômetros de distância. Segundo Hofer, a divisão também contribui para o fato de que “os distritos puramente residenciais de hoje, bem como as áreas comerciais, são muitas vezes enormemente enfadonhos”. Em contraste, os projetos para o bairro de Winnenden do Escritório de Arquitetura Jott, sediado em Frankfurt, prometem uma atitude diferente em relação à vida: há canteiros de legumes nos tetos das casas e oficina de artesanato no pátio, há estufas de cultivo entre os edifícios residenciais, e o café do bairro e o largo da vizinhança estão a apenas um quarteirão da oficina de artesanato e do local de produção. 

Hofer também assinala que as áreas puramente comerciais e residenciais são construídas apenas para uma finalidade. Mas se de repente forem necessários mais apartamentos, não se pode aproveitar áreas comerciais para este fim. “O resultado são enormes espaços vazios – não se pode projetar a cidade do futuro dessa maneira”, diz o diretor da Exposição Internacional de Construção Civil. 

O quão habitáveis e sustentáveis as cidades serão no futuro, isso também dependerá decisivamente dos novos conceitos de mobilidade. Respostas devem ser encontradas, por exemplo, sobre como o transporte de mercadorias é controlado, em virtude do rápido aumento do volume de entregas devido ao comércio on-line. Esta questão também é abordada num estudo da Câmara de Indústria e Comércio de Stuttgart, utilizando o exemplo do bairro de Rosenstein, planejado pela capital estadual de Baden-Württemberg, onde 15.000 pessoas deverão viver no futuro. As ideias para a logística urbana vão desde instalações privadas de recepção de encomendas até a entrega automatizada de encomendas com veículos autônomos e sistemas de transporte subterrâneo até os chamados estacionamentos multiuso, de onde as entregas também podem ser redistribuídas com bicicletas de carga ou pequenos veículos elétricos. 

 

Stuttgart está planejando um novo bairro da cidade: lá, um centro de vizinhança oferecerá espaço para mobilidade, logística ou cultura.
Stuttgart está planejando um novo bairro da cidade: lá, um centro de vizinhança oferecerá espaço para mobilidade, logística ou cultura. © Landeshauptstadt Stuttgart, asp Architekten/Koeber Landschaftsarchitektur

Os novos centros de mobilidade desempenham um papel central no planejamento de novos bairros urbanos. Especialmente no caso de garagens subterrâneas, é “muito importante a questão da sustentabilidade”, diz o urbanista Mario Flammann, do escritório de arquitetura Pesch und Partner, que participou do estudo de logística. A razão: se forem necessários menos vagas de estacionamento em alguns anos, tal garagem dificilmente poderá ser utilizada de outra forma. “É por isso que o planejamento urbano está se abrindo cada vez mais para o estacionamento de vários andares, um bloco de construção bastante desaprovado por muito tempo”, diz Flammann. Cafés, espaços conjuntos de trabalho ou oficinas de bairro também poderiam ser criados num “estacionamento 2.0”. “E se não forem mais necessárias as vagas de estacionamento, é mais fácil convertê-las para novos usos”, diz o arquiteto. 

Como edifícios ou mesmo estruturas de transporte podem ser adaptados, isso se tornará provavelmente a questão central para as cidades do futuro. “A flexibilidade será muito importante”, diz Flammann. “Temos que pensar de forma menos específica e, em vez disso, altamente flexível no planejamento urbano de hoje”. E com vistas à sustentabilidade, o arquiteto enfatiza ao mesmo tempo: 

Exatamente agora temos de criar novamente imóveis que durem pelo menos 100 anos.
Mario Flammann, escritório de arquitetura Pesch und Partner

Exemplos de cidades habitáveis 

As mentes criativas da Exposição Internacional de Construção Civil em Stuttgart não querem apenas elaborar planos na prancheta de desenho, mas criar de fato bairros urbanos exemplares nos próximos anos. “Devemos ser capazes de dizer mais tarde que não apenas discutimos as coisas, mas realmente as implementamos”, diz Hofer, o diretor da IBA. Seja em Winnenden ou Stuttgart, ele espera que dentro de alguns anos as pessoas possam “vivenciar fisicamente as casas e bairros da cidade para um futuro favorável ao clima e às pessoas”. 

© www.deutschland.de

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