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“Eu sou um ‘Berliner’”

“Berliner”, “Kreppel”, “Krapfen”, “Pfannkuchen”: há muitos nomes para esse sonho de padaria. E sua grande atuação acontece sempre no carnaval.

24.02.2017
© Kzenon/Fotolia - Fastnacht, Karneval, Fasching

Esse bolinho doce de fermento, frito em óleo, do tamanho de um punho fechado e recheado com compotas de frutas, anuncia todo ano algo muito especial. Tão logo ele aparece nas padarias e nos supermercados, todos já sabemos que nos encontramos no auge do carnaval, para muitos o mais lindo ponto culminante da chamada “fünfte Jahreszeit” (quinta estação do ano). Ela acontece mais ou menos entre o inverno e a primavera da Europa, muito longe do verão e do outono e dura somente alguns dias. Mas a animação é a maior de todas as que acontecem durante o ano. Todos estão fantasiados, festejam, pulam e bebem. E o bolinho doce e redondo, com bastante açúcar por cima, está em todos os lugares, acompanhando a festança. Mas ele tem nomes diferentes nas diversas regiões, à moda de uma pequena divisão estadual linguística do carnaval, que segundo a região, é chamado de Karneval, Fasching ou Fassnacht.

Às vezes mostarda, em vez de compota

Em Berlim, o sonho de padaria se chama “Pfannkuchen” ou “Berliner”. Na Alemanha Oriental, “só “Pfannkuchen”. Em Hessen, nas regiões de Rheinhessen e da Turíngia ocidental, ele se chama “Kreppel”. No sul da Alemanha, “”Krapfen”. O recheio também varia muito. No norte, o recheio é de compota de frutas vermelhas, no sul se usa compota de abricó. No leste se prefere geleia de ameixa preta. Em Baden, na Suábia e na Francônia se emprega também geleia de frutos de roseira brava. Há também versões de gourmet com creme de champanha. E existem também as versões de “sonhos de pegada”, nos quais o recheio é feito de mostarda, para surpreender, estragando o gosto de quem os come, divertindo os que já sabiam da pegada. É carnaval e todos TÊM de se divertir! E com razão, dado que depois desses dias não se pode mais rir pois então começa, para os cristãos, a temporada do jejum que dura até à Páscoa. Por isso, o “Kreppel” tinha sido também, no começo, a última chance de se divertir com uma grande porção de calorias.

Desastres na cozinha e na figura

Talvez tenham sido os monges da Idade Média que aconselharam as pessoas a se fortalecer com os sonhos, antes de começar o tempo de jejum. Naquela época, o bolinho ainda não era redondo, sendo assado no forno. Segundo a lenda, um confeiteiro berlinense teria se alistado para servir como artilheiro no exército de Frederico o Grande em 1756, mas foi considerado inapto. O que ele podia fazer era servir como padeiro no regimento. Agradecido, ele deve ter feito doces com massa de fermento de forma redonda, imitando as balas de canhão da época, fritando-os em azeite por falta de fornos. Desde então, os sonhos são fritos desta maneira, causando também peso na consciência de muitos por causar incêndios em apartamentos e casas, como os fazem também as velas acesas que enfeitam as árvores de Natal. E nem se fale do estrago que os sonhos causam na figura das pessoas, pois o valor calórico desse doce ultrapassa o valor do bolo de queijo e da torta doce de cereja da Floresta Negra. Desta maneira, a figura dos alemães está ficando cada vez mais parecida com seu doce preferido. Se a fantasia de carnaval do último ano ficar apertada, não se preocupe, pois é carnaval e sempre se pode afirmar “Eu sou um ‘Berliner’!”, redondinho, muito doce e muito badalado.

Quem quiser, poderá fazer um “Berliner”. Não é fácil, mas aqui vai a receita em inglês

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