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“Kulturlandschaften”

Wladimir Kaminer, escritor alemão-russo de grande sucesso, responde, para a emissora de televisão 3sat, a questão de como a arte surge na província e de como a cultura se torna pátria. Uma entrevista.

19.08.2016
© ZDF/Christian A. Roeder - Wladimir Kaminer

Senhor Kaminer, é a segunda vez que o senhor aproveita a série de televisão “Kulturlandschaften” para visitar artistas que não vivem em metrópoles. O que a província alemã oferece?

As grandes cidades da Alemanha – na minha opinião, há somente uma ou duas – funcionam como uma baderna, um inferno caseiro, onde não se podem diferenciar os diabos dos pecadores. Todos giram em torno do mesmo fogo. A província nos mostra o outro lado, onde as pessoas são parte de uma história que é muito mais velha do que elas. A história começa muito antes do nascimento delas e não termina com a morte das pessoas. Os artistas que vivem no campo são mais naturais do que os de uma cidade grande. Eles podem ouvir melhor o silêncio.

As estações da série “Kulturlandschaften” são bem diversas. O que inspira os artistas?

As diferenças regionais são extremamente fortes na Alemanha, muito mais evidentes do que na Rússia. As tradições, o trato de pessoas desconhecidas, os temperamentos. Eu não conheço nenhum país deste mundo, onde as regiões do Allgäu e da Frísia Oriental poderiam existir pacificamente lado a lado. Talvez eu ainda tenha viajado muito pouco. Em todo caso, depois que conheci o norte da Alemanha, posso entender melhor meu Brandemburgo.

O senhor vive em Berlim desde 1990 e conhece muitos lados da Alemanha, também através de suas viagens de leituras e conferências. O que o surpreendeu na sua nova viagem de descobertas?

Sendo escritor, sempre permaneci na mesma rotina: do trem ao hotel, do hotel ao clube. Fui convidado a ir às cidades que me queriam ver e sempre encontrei lá somente pessoas que gostavam de mim. Com “Kulturlandschaften”, fiquei conhecendo a Alemanha do outro lado da minha rotina cultural. Conversei com pessoas que não tinham lido nem meus livros nem outros livros. Elas me contaram histórias, revelando seus pensamentos e suas incertezas. Adquiri muito mais experiências e tenho de dizer que foi também a série “Kulturlandschaften” que fez com que eu me apaixonasse por esta terra e por estas pessoas aqui.

Novas sequências de “Kulturlandschaften”, a partir de 22 de agosto de 2016 no canal 3sat

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