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Cerrar fileiras com distanciamento

Pandemia do coronavírus – Ajuda médica, intercâmbio científico, estabilização econômica: na crise, a Alemanha mostra-se solidária com os países parceiros em todo o mundo.

Helen Sibum, 11.03.2021
Corona-Graffiti
© AFP via Getty Images

O departamento Norte de Santander é uma área remota, predominantemente rural no extremo ­nordeste da Colômbia, a centenas de quilômetros da capital Bogotá. Neste canto do país, o coronavírus tem sido particularmente virulento – em parte porque muitos refugiados da Venezuela vivem em condições apertadas e sem acesso ao saneamento na região fronteiriça. Ao mesmo tempo, o departamento não tinha capacidade de testes. É por isso que o Grupo Rápido de Especialistas em Saúde (SEEG) viajou para lá em maio de 2020. Os especialistas levaram junto 20 000 testes de coronavírus e assessoraram os laboratórios sobre os novos procedimentos. “A pandemia só acabará”, disse um dos médicos envolvidos, “quando for derrotada em todos os lugares”.

A Alemanha está contribuindo de muitas maneiras para a ampla contenção da crise. O fato de que a pandemia está afetando a todos no mundo inteiro, mas não a todos igualmente, é uma análise frequentemente repetida, mas não menos verdadeira por isso. Junto com seus parceiros europeus e no âmbito do G7 e G20, a Alemanha está apoiando, portanto, outros países a lidarem com a crise. “Se estivermos juntos no mundo inteiro, poderemos controlar e superar o vírus e suas consequências”, disse a chanceler alemã Angela Merkel na cúpula do G20 em novembro de 2020.  

O SEEG é apenas um dos muitos exemplos de como a Alemanha está envolvida na luta global contra o coronavírus. A equipe de especialistas treina o pessoal do laboratório e acompanha o estabelecimento de diagnósticos. Os especialistas participantes podem tirar proveito de uma grande experiência. O SEEG surgiu em 2015 por iniciativa do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), tendo como pano de fundo a epidemia de ebola na África Ocidental. Ele foi implementado pela Sociedade Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), pelo Instituto Bernhard Nocht de Medicina Tropical e pelo Instituto Robert Koch. Nos últimos anos, os especialistas já combateram a peste em Madagascar, a febre de Lassa na Nigéria e o vírus da Zica na América Latina.

Não vamos derrotar a pandemia – e estaremos lidando com mais e mais mutações do vírus – se não garantirmos que as vacinas cheguem a todos os necessitados, inclusive em contextos frágeis.
DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERNAS HEIKO MAAS NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU EM 17 DE FEVEREIRO DE 2021

Desde o início da pandemia de coronavírus, o Instituto de Virologia do Hospital Universitário Charité, em Berlim, também está envolvido. Na Colômbia, foi agora estabelecido um intercâmbio entre os especialistas de Berlim e as instituições de saúde pública. O que mostra: a solidariedade ad hoc do início da pandemia – quando a Alemanha enviou equipamentos médicos e de proteção para países parceiros; e os hospitais alemães atenderam pacientes de terapia intensiva da Itália e da França, por exemplo – tornou-se há muito tempo um apoio global e sustentável. Isto envolve não apenas assistência no campo médico, mas também cooperação em pesquisa, intercâmbio de tecnologia para rastreamento de contatos, por exemplo, além de estabilização econômica.

Este último ponto está cada vez mais em foco na América Latina e no Caribe. “A pandemia provocou um choque econômico e social que exacerba as crises existentes e ameaça um retrocesso da região em 10 a 20 anos”, diz Marian Schuegraf, representante regional responsável no Ministério das Relações Externas. O Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento negativo de mais de 8% para a região. A Alemanha está, por isso, em estreito intercâmbio com os governos locais. “Queremos trabalhar juntos para garantir que a região saia mais forte da crise”, diz Schuegraf, “por exemplo, através da cooperação nas áreas de proteção climática, digitalização ou inclusão social”.

Apoio para países em crise

Os desafios suscitados pela pandemia são urgentes também na África. As consequências para o setor de saúde foram até agora menos catastróficas do que se temia. Mas os impactos econômicos e sociais são tanto mais devastadores. O relatório “Least Developed Countries Report” das Nações Unidas, publicado no final de 2020, adverte que os avanços de desenvolvimento das últimas décadas estão sob enorme ameaça. “Os países menos desenvolvidos do mundo estão atualmente passando pela pior ­recessão dos últimos 30 anos”, diz o relatório. As metas da Agenda 2030, por exemplo no que diz respeito à nutrição, educação ou igualdade de gênero, correm o risco de se tornarem uma perspectiva distante.

Covax

Por isso, a Alemanha intensificou seu engajamento na cooperação para o desenvolvimento. Imediatamente após o surto da pandemia, o Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento disponibilizou mais de 1,5 bilhão de euros em ajuda adicional de emergência. 1,5 bilhão foi planejado também para 2021. O apoio se concentra nos países em crise na África e em outras ­regiões, especialmente nos Estados onde vivem muitos refugiados.

A médio e longo prazos, o principal objetivo é preservar os empregos. O Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento lançou a iniciativa “Covid-19 Response”, como parte de seu programa “developpp.de”. Ela fomenta abordagens empresariais que aliviam as consequências da pandemia. Juntamente com a Fairtrade International e o Forum Fairer Handel, o BMZ criou além disso um fundo de 13 milhões de euros para ajudar os pequenos agricultores. Também países particularmente dependentes do turismo estão ­recebendo apoio: na Tunísia, por exemplo, onde cerca de 400.000 pessoas ainda trabalhavam nos setores hoteleiro e gastronômico no início de 2020, a GIZ assessora o ministério responsável na introdução de normas de higiene para hotéis e restaurantes, a fim de fortalecer o setor e garantir os empregos.

Além dos projetos bilaterais, a Alemanha também está engajada na ajuda a países particularmente afetados, como parte da “Equipe Europa”. Em dezembro de 2020, por exemplo, a UE anunciou um programa de 20 milhões de euros para ­fortalecer os sistemas de saúde dos países membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A UE prometeu 92 milhões de euros aos ­países do Sahel, em parte para mitigar o impacto socioeconômico da pandemia. E na Gâmbia, 25 milhões de euros ajudarão a superar a pandemia, a fazer a transição para a democracia e a alcançar as metas de desenvolvimento de médio prazo.

Também dentro da Europa, a solidariedade desempenha um papel decisivo. Os países membros da UE estão trabalhando juntos em muitas áreas: por exemplo, na coordenação das medidas de contenção, no reconhecimento mútuo de testes rápidos de antígenos, na aquisição de vacinas para todos os países membros e, por último mas não ­menos importante, em limitar os danos à economia e trabalhar para a recuperação econômica. Já em abril de 2020, o Eurogrupo disponibilizou 540 bilhões de euros para este fim. Em julho de 2020, os membros da UE acertaram um pacote no valor de 1824 bilhões de euros. Ele inclui o plano de sete anos para o atual orçamento da UE até 2027 e o fundo de recuperação “Next Generation EU”, somente este com 750 bilhões de euros. “Este é um sinal de confiança na Europa e um momento histórico”, disse a presidente da Comissão Europeia, ­Ursula von der Leyen.

Contra o “nacionalismo de vacinação”

A cooperação também é centralizada quanto ao meio mais eficaz de combater a pandemia – a vacinação. Por um lado, os governos da UE estão agindo em conjunto para adquirir a vacina para todos os países membros. Por outro lado, a Comissão, a Alemanha e outros membros da UE aderiram à ­plataforma Covax como parte da abordagem da “Equipe Europa”. Liderada pela aliança de vacinas Gavi, a aliança de pesquisa Cepi e a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela acelera o desen­volvimento de vacinas e defende a distribuição equitativa. Covax é parte do acesso ao acelerador de ­ferramentas contra a Covid-19, que também ­melhora o acesso global a medicamentos e diagnósticos. A Alemanha está contribuindo com 600 milhões de euros para este esforço e anunciou em ­fevereiro mais 1,5 bilhão de euros. Com isso, a Alemanha é atualmente a maior contribuinte da iniciativa. “A pandemia deve ser superada com espírito de cooperação, não com espírito de um ‘nacionalismo de vacinação’”, disse o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier no abertura da Cúpula Mundial da Saúde, em ­outubro de 2020.

A Alemanha está, portanto, agindo aqui com base nos princípios da solidariedade e do multilateralismo, mas também considerando o fato de que a pandemia sempre voltará à Europa, enquanto não for superada no mundo inteiro. A empresa alemã desenvolvedora de vacinas Biontech também insiste em que suas vacinas sejam amplamente distribuídas. “Temos enfatizado desde o início que nos vemos como uma empresa global e tornamos nossa vacina disponível em todo o mundo”, disse o cofundador da Biontech Uğur Şahin em entrevista à revista “Der Spiegel”. “Se 500.000 doses são destinadas a um país em desenvolvimento, então elas têm realmente de chegar lá”.

Assim, enquanto o mundo continua a lutar para conter a pandemia e suas consequências, voltamos nossos olhos conjuntamente para o futuro. A Comissão Europeia está planejando criar uma União Europeia da Saúde, por exemplo, para preparar planos abrangentes de emergência e assim melhorar a capacidade de resposta da comunidade. E os países do G20 solicitaram recomendações à OMS, para preparar uma nova Iniciativa Global contra a Pandemia. Isto poderia preencher as ­lacunas existentes no sistema internacional, diz a declaração. “É importante que aprendamos com esta crise”.

© www.deutschland.de

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