Melhor juntos
A ONU comemora seu 80º aniversário em 2025. A Alemanha defende uma organização mundial forte. No entanto, ela enfrenta grandes desafios.

As Nações Unidas (ONU) realizaram, sem dúvida, muitos feitos ao longo de seus 80 anos de história. Fundada em resposta à guerra e à destruição, a comunidade internacional contribuiu para melhorar as condições de vida de milhões de pessoas em todo o mundo com missões de paz, acordos internacionais e programas de saúde, educação e desenvolvimento.
No entanto, não há motivo para comemorações no aniversário da ONU. Porque o mundo está em crise e a organização mundial está instável. Há muitas críticas vindas de diferentes direções. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou recentemente que a ONU está “sob ataque”.
Retorno aos valores fundadores
Provavelmente por isso, a organização mundial escolheu como lema da Assembleia Geral de 2025 “Better together” (Melhores juntos). Nesse sentido, o ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, apelou a um retorno aos valores fundadores da organização mundial. “Todos nós apenas perderíamos em um mundo onde a lei do mais forte prevalece, as regras internacionais são obsoletas, os tratados são vinculativos apenas para os fracos e a guerra é a continuação da diplomacia por outros meios”, alertou Wadephul em seu discurso perante a Assembleia Geral da ONU em Nova York. “Um mundo assim acabaria sendo dominado pela violência.”
Desafios cada vez maiores
De fato, a comunidade internacional enfrenta um número cada vez maior de crises e conflitos violentos, desde Gaza até a Ucrânia, passando pelo Sudão do Sul e pela República Democrática do Congo. Além disso: As consequências das mudanças climáticas, na forma de secas, chuvas intensas e inundações, estão se tornando cada vez mais evidentes, e a perda de biodiversidade continua inabalável. No que diz respeito ao combate à pobreza, as organizações da ONU alcançaram muito com seu trabalho de décadas, mas muitas regiões ainda são afetadas pela pobreza. Na verdade, haveria bastante trabalho para as Nações Unidas. No entanto, a superação dos desafios cada vez maiores é incerta. Porque alguns países se afastaram da ideia do multilateralismo.
Necessidade de reforma no Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança da ONU não tem capacidade de decisão em muitas questões importantes, por exemplo, porque a Rússia, como potência com direito a veto, sabota todos os esforços de paz com sua guerra de agressão contra a Ucrânia, que viola o direito internacional. A distribuição do poder no Conselho de Segurança é um dos principais pontos críticos da organização mundial: Países emergentes como o Brasil ou a Índia têm uma representação tão reduzida no órgão máximo da ONU quanto todo o continente africano ou mesmo a Alemanha e o Japão.
Assim, até agora, todos os membros não permanentes têm apenas a opção de se candidatarem repetidamente ao Conselho por mandatos de dois anos, como a Alemanha pretende fazer para os anos de 2027 e 2028.
As missões dos capacetes azuis, outrora símbolo das soluções pacíficas, também estão diminuindo. Cerca de 60.000 soldados, policiais e especialistas militares estão atualmente em missão para a ONU, sendo que há dez anos eram quase o dobro. Entre os motivos estão a falta de mandatos do Conselho de Segurança, o ceticismo em relação à eficácia e a falta de recursos financeiros.
Dificuldades financeiras
De modo geral, a ONU está passando por uma profunda crise financeira. A falta ou o atraso no pagamento das contribuições dos membros causaram um grave “problema de liquidez” à organização mundial, como alerta o auditor-chefe da ONU, Chandru Ramanathan. Por isso, a organização precisa cortar orçamentos e reduzir postos de trabalho. As forças de paz também precisam se contentar com menos recursos. Para agravar a situação, os EUA, o maior doador financeiro, estão considerando novos cortes na ONU.
Responsabilidade comum
No entanto, especialmente diante das crescentes crises globais, nacionais e regionais, o trabalho da ONU continua sendo indispensável – não há alternativa ao diálogo e à responsabilidade compartilhada. O governo federal também concorda com isso: “Apoiamos uma ordem internacional baseada em regras, com uma Organização das Nações Unidas forte no seu centro, para enfrentar os desafios globais também a nível global”, descreve o ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, esta constante da política externa alemã.