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“O desafio da nossa época”

Por que o passado é importante para os jovens? Lucas, do Brasil, fala das suas experiências na Alemanha.

Protocolo: Sarah Kanning, 09.11.2020
Lucas Gualberto do Nascimento, na Alemanha.
Lucas Gualberto do Nascimento, na Alemanha. © privat

“Vim para a Alemanha principalmente porque as universidades têm uma fama muito boa. Eu me inscrevi na Goethe-Universität de Frankfurt do Meno. Mas depois de pouco tempo, compreendi que a Alemanha é mais do que um bom lugar de estudos. Pouco a pouco fiquei sabendo mais sobre este país e seus cidadãos, descobrindo todo dia lugares e praças históricos que tiveram uma certa importância no passado. Na estação de metrô, no meu caminho para a universidade, havia um grande mural em memória de Anne Frank, que tinha vivido neste quarteirão quando era criança, antes dos seus pais com suas duas filhas terem fugido dos nazistas. Fiquei parado, lendo então sobre a infância de Anne Frank, pensando muito na sua história, enquanto outros pedestres só passavam depressa por lá. Para mim, esse tipo de cultura da lembrança foi novo.

No Brasil, a II Guerra Mundial é só um capítulo nas aulas do primário. Não temos nenhuma ligação emocional com isso. Na Alemanha, fiquei consciente de que a II Guerra Mundial e o Holocausto realmente aconteceram. Este aqui é o lugar, estas aqui são as histórias. Posso ver e tocar as casas e  as relíquias. A história é uma parte da memória coletiva. Ela não desapareceu, ela respira. Não são somente aquelas palavras escritas em um livro, mas eu as posso sentir emocionalmente.

Se nos esquecermos do passado, vamos arriscar que a história se repita.
Lucas, do Brasil

Em todo lugar desta cidade encontrei então as pedras-obstáculos, as Stolpersteine. Cada uma delas recorda uma pessoa que foi sequestrada pelos nazistas e que, na maioria da vezes, foi assassinada. É extremamente importante que a recordação permaneça viva. Se nos esquecermos do passado, vamos arriscar que a história se repita. Meu país tenta reprimir a sua história, sendo que o colonialismo e a escravidão ainda continuam presentes na nossa sociedade. A escravidão só foi abolida 60 anos depois da independência do Brasil. Não existe quase nenhum museu que se ocupe com esse tema.

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Posso entender que os jovens não queiram saber dos temas do passado. Eles nasceram em um ‘novo’ país e nunca tiveram experiências com uma guerra. O mais importante desafio da nossa época é alcançar esses jovens e lhes transmitir o valor da história”.

 


Lucas Gualberto do Nascimento, do Brasil, estudou em Frankfurt do Meno em 2018. Atualmente, eles está concluindo em São Paulo o seu mestrado em Ciências Sociais - Relações Internacionais e Desenvolvimento.

© www.deutschland.de

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