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“Desafios dolorosos”

A mudança do clima e os períodos de seca ameaçam os recursos hídricos. Os fornecedores de água da Alemanha têm que se reorientar.

04.11.2022
Teste de qualidade na barreira de tratamento de água Wienrode
Teste de qualidade na barreira de tratamento de água Wienrode © AdobeStock

Senhor Specht, tivemos em 2022 na Alemanha um dos verões mais quentes com um mínimo de chuvas. A água potável está se tornando escassa?
Ninguém na Alemanha precisa temer que não irá ter amanhã mais água corrente em casa por causa de períodos de seca. Se bem que os fornecedores municipais de água estão bem preparados para essa situação, os longos períodos de seca ameaçam os nossos recursos hídricos e as concorrências pela água irão aumentar. As consequências da mudança do clima podem ser muito diferentes de lugar para lugar, mas estão exigindo que se tomem medidas de adaptação em toda a Alemanha.

Karsten Specht
Karsten Specht © Linda Hoff

Para que continue havendo futuramente uma segurança do abastecimento hídrico, temos que proteger mais nossos recursos hídricos do que até agora, para que eles nos possam fornecer água potável. Caso venha haver concorrência no aproveitamento hídrico, a preferência para o abastecimento público, assentada na lei, terá que ser observada mais estritamente. E nós temos que impulsionar nossos investimentos. Até agora, a economia municipal vem investindo anualmente oito bilhões de euros na preservação e no desenvolvimento dos sistemas e isto a alto nível e sempre que possível em resiliência climática. Todavia, é necessário que haja, além disso, uma promoção específica e processos mais simples de planejamento, inclusive a autorização para a realização prática.

O senhor falou recentemente de um futuro árido. Para algumas regiões da Alemanha, o senhor prevê, em 20 anos, condições climáticas como no sul da França. O que tem que acontecer até lá?
Muitos fornecedores de água já adaptaram as suas infraestruturas nos últimos anos, para que elas se tornem mais resilientes quanto ao clima. Outras adaptações são: um relacionamento internacional, um intercâmbio com outros fornecedores de água – tendo em vista uma ajuda mútua em caso de urgência e apelos aos clientes –  e um consumo econômico da água. Essas medidas ad hoc revertem em benefício do objetivo de resilência climática a longo prazo, que são as mais importantes medidas futuras: o alargamento das infraestruturas, a interligação e a cooperação e a comunicação com os consumidores.

Na luta contra a mudança do clima, a Alemanha está cooperando com parceiros, como a África do Sul e Marrocos. O que podemos aprender desses países?
A mudança do clima nos faz enfrentar desafios grandes e doloridos. O que nos permite avançar é um intercâmbio profissional, principalmente com aqueles que já estão sofrendo os efeitos há muito tempo. O intercâmbio nos ajuda a que nos olhemos no espelho para aprender mutuamente. Comparando-se internacionalmente, a Alemanha é um país rico em água, mas, para que isso continue sendo assim, precisamos fazer uma adaptação dos sistemas, mesmo que ainda nos sobre bastante tempo. Não podemos nos bloquear a nós mesmos nem perder tempo.

A Alemanha está forçando a produção de hidrogênio. Para um quilo de hidrogênio precisamos de nove quilos de água. Como isso pode dar certo?
Quanto à produção de água na Alemanha, não precisamos temer atualmente nenhum impasse no seu abastecimento. Para acelerar a produção de água, temos todavia que resolver a questão de quais recursos hídricos podemos empregar concretamente e bem a tempo, com base em um planejamento previdente e com a participação do respectivo fornecedor de água. Como no caso de muitos estabelecimentos de instalações industriais, os fatores decisivos na produção de hidrogênio também serão a qualidade e a quantidade da oferta hídrica correspondente.

 


Karsten Specht é vice-presidente da Associação de Empresas Municipais (VKU) e gerente da associação Oldenburgisch-Ostfriesischen Wasserverband. A VKU representa na Alemanha mais de 1 500 empresas de economia municipal nos setores da energia, água/esgoto, economia de resíduos e telecomunicação, com 282 000 empregados. Cerca de 90 por cento de todos os habitantes da Alemanha recebem a sua água potável de empresas que estão organizadas nessa associação.

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