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“O feminismo vive”

Como está a emancipação na Alemanha e porque o novo feminismo não é, de forma alguma, inimigo dos homens.

12.10.2018
Engajamento pela emancipação no dia a dia
Engajamento pela emancipação no dia a dia © Adam Berry/Freier Fotograf/Getty Images

Entre as pessoas mais jovens, predomina um anseio de legítima igualdade de direitos no dia a dia. O que isso modifica na visão do feminismo é esclarecido pela socióloga Marianne Schmidbaur. Ela é gerente científica do Centro de Estudos de Gênero na Universidade Goethe, de Frankfurt.

Socióloga Dra. Marianne Schmidbaur
Socióloga Dra. Marianne Schmidbaur © privat

Dra. Schmidbaur, como é a situação da emancipação política na Alemanha? Há uma chanceler federal, mas novamente menos mulheres no Parlamento Federal.
De fato, com um pouco mais de 30 % de deputadas, temos agora menos mulheres no Parlamento Federal do que na legislatura passada, quando foram mais de 36 % de mulheres. Há alguns anos, também tínhamos ainda três governadoras, agora são duas. Não se pode confiar em que haja um avanço constante.

Como é a situação da Alemanha em comparação internacional?
A União Interparlamentar faz uma lista das cotas femininas nos parlamentos de todo o mundo: a Alemanha está no nível médio, em 46º lugar de 190 países. No primeiro lugar está a Ruanda. Esse é naturalmente apenas um indicador entre muitos, mas a meu ver, nós ocupamos também no total apenas um lugar médio.

O que tem de acontecer, para que a Alemanha tenha um avanço?
Os partidos são algo assim como porteiros para a representação nos parlamentos. Por isso, necessitamos de uma cota para as listas de candidatos. Obviamente, não funciona de outra maneira. Na França, as listas eleitorais têm de ter uma composição paritária. Se não for assim, a lista pode ser recusada ou o partido tem que temer um corte nos seus subsídios. Nós deveríamos seguir esse exemplo.

Não apenas na Alemanha, os partidos vão defender novamente os papeis tradicionais. É preciso combater o início dessa tendência.
Socióloga Dra. Marianne Schmidbaur

A palavra feminismo tem uma conotação negativa na Alemanha?
Durante algum tempo, o feminismo foi tido como sinônimo de hostilidade contra os homens. Por isso, ele era tido como ultrapassado. Entretanto, isso mudou novamente. Hoje, as pessoas jovens constatam que seus modelos de vida não podem ser realizados, que as tarefas da família e do trabalho não podem ser divididas igualmente entre os sexos. Mas é exatamente isso o que quer a maioria. Assim, o feminismo assumiu um novo papel.

Ou seja, uma visão pragmática do feminismo?
De certa forma, sim. Trata-se da igualdade de direitos no dia a dia. Também os homens não desejam mais hoje, serem reduzidos ao exercício de uma profissão.

Steht der neue Feminismus noch in der Tradition der frühen Frauenbewegung?
Na área da pesquisa, falamos de três ondas do feminismo: a primeira lutou pelo direito de voto das mulheres, foi organizada em associações e grupos. A segunda, das décadas de 1960 e 1970, defendeu as novas liberdades e as leis com igualdade de direitos; ela movimentou-se sobretudo nos grupos da oposição extraparlamentar. Hoje, trata-se das condições de vida, também da luta contra a violência sexual. As campanhas são feitas primordialmente através da internet e são mais internacionais que antes.

Isso significa que o feminismo vive – também na Alemanha?
Certamente. Temos, no entanto, de permanecer atentas e ativas. Do contrário, há ameaça de reveses. Não apenas na Alemanha, tornam-se fortes novamente partidos que apoiam uma divisão muito tradicional dos papeis. É preciso combater o início dessa tendência.

Entrevista: Friederike Bauer

© www.deutschland.de