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Proteger e defender a democracia

A educação pode se tornar a “mudança do jogo” em tempos de crise. A diretora da Universidade Livre da Ucrânia, Maria Pryshlak, explica o motivo.

Maren van Treel, 09.08.2022
Professora Maria Pryshlak, reitora da Universidade Livre da Ucrânia
Professora Maria Pryshlak, reitora da Universidade Livre da Ucrânia

A Universidade Livre da Ucrânia (UFU) existe há mais de 100 anos. Está sediada em Munique desde 1945. A reitora Maria Pryshlak explica como a UFU está lidando com a guerra na Ucrânia e por que a educação é tão valiosa, especialmente nestes tempos.

Como a guerra na Ucrânia está afetando a universidade?
A guerra destruiu qualquer aparência de normalidade na UFU. A rotina habitual da vida universitária já foi perturbada pela pandemia, mas a guerra paralisou a vida universitária. Nosso semestre de inverno foi interrompido porque nossos professores e estudantes na Ucrânia passaram grande parte do dia em abrigos antibombas. Vários deles apresentaram-se imediatamente às unidades de Defesa Territorial. Alguns de nossos estudantes de Munique voltaram à Ucrânia para se alistarem nas Forças Armadas. A administração começou imediatamente a difícil evacuação dos estudantes e professores – pelo menos daqueles que puderam deixar o país. Para os outros, tentamos evacuar suas famílias.

Vista da parte analógica da biblioteca.
Vista da parte analógica da biblioteca. © picture alliance/dpa

Como a UFU ajuda os refugiados ucranianos?
Nossa universidade apoia o processo de integração e fornece as informações necessárias para apoio através das agências sociais e de trabalho. Iniciamos um programa educacional e psicológico para ajudar mães e filhos a superarem o trauma da fuga. Abrimos também um centro de assistência para fornecer aos refugiados informações jurídicas, além de aconselhamento e apoio psicológico, social e trabalhista.

E o que a UFU pode fazer por seus alunos e professores?
A administração assumiu as tarefas de ajuda aos refugiados e de ajuda humanitária para a Ucrânia. Arranjou ambulâncias, medicamentos, alimentos e roupas. Durante meses, não nos preocupamos mais com questões educacionais, mas com a ajuda humanitária. Hoje, a universidade trilha dois caminhos - por um lado, a ajuda aos refugiados e a ajuda à Ucrânia, e, por outro lado, a educação dos estudantes. A universidade fornece a nossos alunos e professores, que chegaram a Munique com poucos pertences, a roupa e os computadores necessários para que possam trabalhar academicamente com sucesso.

Mas isso é apenas uma parte da ajuda. Apoiamos nossos estudantes na busca de alojamento, oferecemos bolsas de estudo, cursos de alemão, orientação profissional e apoio psicológico para pessoas traumatizadas.

A ideia por trás da UFU é oferecer aos estudantes a oportunidade de estudar “com base nos valores ocidentais”. Que papel desempenha esta ideia em tempos como estes?
Se por “valores ocidentais” entendermos liberdade, justiça, direitos humanos, responsabilidade cívica – tudo isso fundamentos da democracia – então o fomento dos valores ocidentais é imensamente importante hoje, como será no futuro. A educação é uma forma de possibilitar a defesa e a proteção da democracia aos cidadãos informados e engajados.

Os estudantes são os melhores guardiães e apoiadores da democracia.
Professora Maria Pryshlak, reitora da Universidade Livre da Ucrânia

A guerra entre a Ucrânia e a Rússia é uma guerra entre liberdade, direitos humanos e democracia, por um lado, e o imperialismo russo, a autocracia, o desprezo pela liberdade, pelos direitos humanos e pela soberania das nações, por outro. Está bem documentado como o governo russo, através da desinformação, semeia divisões sociais na Europa, apoia grupos extremistas para exacerbar os problemas, semear a discórdia e fomentar o descontentamento.

Como a educação pode neutralizar essa desinformação?
Educando as pessoas a serem espíritos críticos, que pensam independentemente e têm um senso de dever cívico e de responsabilidade. Então não serão tão facilmente enganados pela desinformação, nem desenvolverão uma “mentalidade de rebanho”, nem seguirão slogans vazios ou falsos. As pessoas com tais formações são as melhores guardiãs e apoiadoras da democracia, percebendo todas as tentativas de minar os valores democráticos. Elas protegem nossas preciosas liberdades.

A UFU em Munique.
A UFU em Munique. © picture alliance/dpa

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