Experiências extremas no clube exclusivo

Não é apenas desde que a cantora pop espanhola Rosalía lançou sua música “Berghain”, parcialmente em alemão, que o clube mais famoso da Alemanha é um local de peregrinação com máquina de fumaça para os fãs de techno de todo o mundo. Os fiéis da festa tremem durante horas na fila, não apenas de frio, mas também devido ao rigoroso controle de entrada. Os seguranças são os sumos sacerdotes da aura exclusiva do clube e os guardiões do “você não se encaixa aqui”. O que, por sua vez, alguns somente compreendem quando já estão dentro. Por exemplo, porque os graves potentes sacodem seus órgãos ou porque o piscar do estroboscópio reorganiza a arquitetura do cérebro.

Isso não se aplica apenas a Berlim. Em outros lugares, os seguranças também fazem os frequentadores das festas sentirem seu poder. No Golden Pudel, em Hamburgo, não se deve, de forma alguma, dar a impressão de que já se apresentou uma declaração de impostos. No Robert Johnson, em Frankfurt, a espera para entrar é mais longa do que a espera por uma consulta médica. E no Blitz de Munique, não é apenas a aparência que conta, mas principalmente a aura espiritual.

Depois de chegar à pista de dança, começa a adoração religiosa dos DJs cultuados. Os fãs deixam-se seduzir pelos seus sons, tal como outrora Ulisses pelas sereias, enquanto os profanos se sentem mais lembrados das sirenes da polícia ou do barulho das obras. Os especialistas perdem-se em discussões acadêmicas sobre BPM, enquanto os leigos perguntam secretamente: “Isso é minimalismo extremo ou ainda é o teste de som?” 

Entre eles, há pessoas que, graças a substâncias químicas, vivenciam tudo isso de forma “incrivelmente intensa”. Os mais conservadores saboreiam coquetéis. Quem não prestar atenção à lista de preços pode facilmente gastar metade do salário mensal em uma noite agitada no clube. 

Resta ainda a arte sofisticada da paquera. Perguntas clássicas como “Você vem aqui com frequência?” definitivamente já estão ultrapassadas. No entanto, mesmo manifestações eufóricas de simpatia raramente são coroadas de sucesso, por exemplo: “Sua energia é tão forte que faz meu fusível queimar.” Ou: “Você fica muito bonita sob essa luz.”

Apesar de tudo: provavelmente, dançar em clubes lotados, barulhentos e abafados é a forma mais sensata de escapismo em nossos tempos loucos. Enquanto as pessoas preferirem dançar juntas em vez de fazer outras bobagens, o ambiente dos clubes terá cumprido seu papel na paz mundial, por exemplo, no Berghain.