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“Decisões difíceis e dramáticas”

No quê os médicos se orientam quando os aparelhos e o pessoal se tornam escassos? Kathrin Knochel, especialista em ética medicinal, colaborou na elaboração de recomendações.

Protocolo: Helen Sibum, 26.05.2020
Médicos avaliando os dados de pacientes de Covid-19
Médicos avaliando os dados de pacientes de Covid-19 © picture alliance / Zoonar

“Até agora, os médicos na Alemanha raramente se encontram em situações, nas quais eles são obrigados a priorizar pacientes. A triagem é sobretudo um tema da medicina de catástrofe e emergência. Esse procedimento não pode ser facilmente transferido à pandemia de coronavírus. Aqui se trata de um outro horizonte temporal, em certo sentido, de uma catástrofe durante um longo período de tempo. É uma situação bem nova, para a qual nós, os médicos, não estávamos preparados.

Kathrin Knochel, médica-chefe de ética clínica em Munique
Kathrin Knochel, médica-chefe de ética clínica em Munique © Alessandra Schellnegger

Quando notamos que os recursos poderiam se tornar escassos e quando vimos as imagens estarrecedoras de outros países europeus, ficou claro: precisamos de uma orientação para aqueles que possivelmente venham a se confrontar com o tema. Foram realmente decisões difíceis e dramáticas. Os médicos não poderiam ficar sozinhos nessas decisões. As  recomendações que surgiram devem dar transparência ao procedimento, resumindo-o em princípios e processos unificados e éticos bem fundamentados”.

Importante é o princípio de controle múltiplo, onde as decisões não estão nas mãos de uma só pessoa.
Kathrin Knochel, perita em ética medicinal

“O princípio é o da igualdade de tratamento. Todos os pacientes são tomados em consideração. Não se permite que a decisão seja tomada a partir da idade, de características sociais, de doenças pré-existentes ou de deficiência. Temos de agir com responsabilidade, considerando cada pessoa individualmente: Qual é a necessidade de tratamento intensivo? Qual é o desejo do paciente? Qual é a possibilidade de sobrevivência? Não existe um critério único, pois se trata de uma avaliação global. Importante é o princípio de controle múltiplo, onde as decisões não estão nas mãos de uma só pessoa, mas de dois ou, melhor ainda, de três peritos que avaliam juntos a situação. Ao lado disso, também é importante que os recursos existentes sejam coordenados a nível nacional.

Através das medidas tomadas, o número de pacientes da Covid-19 que precisam de tratamento hospitalar na Alemanha não ultrapassou um certo limite. E toda a população contribuiu com grande solidariedade. Espero que essas recomendações não precisem ser aplicadas no futuro”.

 


Kathrin Knochel é médica-chefe de ética clínica no hospital Klinikum rechts der Isar de Munique. Ela cooperou na elaboração das Recomendações de Triagem, publicadas pela Associação Alemã Interdisciplinar de Cuidados Medicinais Intensivos e de Urgência, em cooperação com outras sete sociedades, por ocasião da pandemia de coronavírus.


 

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